quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Comunicações


Matéria originalmente publicada do suplemento Rio Show do Jornal O Globo em 21 de Novembro de 2003 na coluna Rio Fanzine

Por Tom Leão.

Homem/máquina. Este conceito, desenvolvido pelo grupo eletrônico alemão Kraftwerk, ainda nos anos 70, a cada dia que passa torna-se mais real. Com o advento da tecnologia digital e dos cyberrimplantes no corpo humano (o chip telefônico implantado no dente já está a caminho!), toos nós seremos um pouco ciborgues no futuro. Dois artistas assumem esse lado homem/maquina atualmente: de um lado, o performático de Nova York My Friend Robot (ele se apresenta amanhã no clube Dama de Ferro), que dança ao som de música robótica própria e interage com a platéia; do outro, o homem-robô em si, Karl Bartos, um dos fundadores do Karftwerk (que fazia a maioria das vozes robóticas da banda e é co-autor dos classicos “Man/machine e “The Robots” ), há dez anos fora do grupo e já com três discos solos lançados, sendo que o mais novo, “communication” (Sony Music ), está saiindp aqui na próxima semana. É o levante das máquinas! 

 Karl Bartos: sabe o disco que o Kraftwerk está devendo aos fãs há anos? Karl Bartos o gravou. É “Communication” (Sony Music). Nele, Bartos faz uma ponte direta com “Electric cafe”, o ultimo álbum de estúdio do Kraftwerk, banda da qual era sócio-fundador. O disco é uma versão das eletronices kraftwerkianas, sem soar datado ou excessivo. 

Através de suas 10 faixas e 45 minutos, o disco traça um painel do homem moderno e de sua relação com a tecnologia e as telecomunicações. Bartos canta em quase todas as faixas com aquela voz robótica que é marca registrada do Kraftwerk. Os temas passam por câmeras fotográficas, e-mail, real versus virtual, o ciberespaço e a correria da vida moderna, que nos transformou a todos, de certa forma, em macacos eletrônicos, em home electricus, uma nova espécie. Os cientistas dizem até que, por conta disso, nas próximas gerações, nós teremos um dedo a mais nas mãos. Digital mesmo. 


Após se formar no conservatório de Düsseldorf, onde conheceu seus amigos robôs do Kraftwerk, ele fez parte do grupo de 1975 até 1991, quando saiu para fundar o seu projeto solo, o Electric Music, que lançou dois álbuns. Ele também fez remixes para Afrika Bam baataa, particiopou do disco da dupla Electronic (Bernad Summer e Johnny Marr) e fez algumas performaces ao vivo, até chegar ao seu primeiro disco solo de fato, “Communication”. Uma das faixas do disco, “I’m the message”, já pousou nas pistas de dança daqui que tocam electro, com bons remixes de Orbital e de Felix da Housecat. 





Communication Mini-site

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CONCERTS 2013 (Londres)


LONDON .... TATE MODERN .... TURBINE HALL

06 FEB 2013 . 21:00 .... 1 AUTOBAHN

07 FEB 2013 . 21:00 .... 2 RADIO-ACTIVITY
08 FEB 2013 . 22:30 .... 3 TRANS EUROPE EXPRESS 
09 FEB 2013 . 22:30 .... 4 THE MAN MACHINE
11 FEB 2013 . 21:00 .... 5 COMPUTERWORLD 
12 FEB 2013 . 21:00 .... 6 TECHNOPOP 
13 FEB 2013 . 21:00 .... 7 THE MIX 
14 FEB 2013 . 21:00 .... 8 TOUR DE FRANCE 

Link

CONCERTS 2013



DÜSSELDORF ..... KUNSTSAMMLUNG NORDRHEIN-WESTFALEN K20 GRABBEPLATZ

11 JAN 2013 . 20h .. 1 AUTOBAHN
12 JAN 2013 . 20h .. 2 RADIO-AKTIVITÄT
13 JAN 2013 . 20h .. 3 TRANS EUROPA EXPRESS
16 JAN 2013 . 20h .. 4 DIE MENSCH MASCHINE
17 JAN 2013 . 20h .. 5 COMPUTERWELT
18 JAN 2013 . 20h .. 6 TECHNOPOP
18 JAN 2013 . 24h .. 6 TECHNOPOP
19 JAN 2013 . 20h .. 7 THE MIX
19 JAN 2013 . 24h .. 7 THE MIX
20 JAN 2013 . 20h .. 8 TOUR DE FRANCE

quinta-feira, 17 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sónar 3D




Vídeo de 13 minutos com o resumo da apresentação surpresa do Kraftwerk no Brasil

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Kraftwerk Sónar Vídeos







Kraftwerk Sónar São Paulo 2012





SÃO PAULO - Às 23h30 de sexta-feira, 11, o Kraftwerk subiu ao palco do Sónar - Festival Internacional de Música Avançada e Arte New Media, no gigantesco galpão de exposições do Anhembi, com seus uniformes fosforescentes que lembram o futuro do filme Tron (1982), a primeira animação da era pré-computadorizada, um esboço do que seria o atual mundo digital. Mais de 15 mil pessoas com seus óculos testemunharam o primeiro show em 3D no Brasil, o primeiro com esse grau de tecnologia visual.

A banda alemã abriu com (We Are) The Robots, cartão de apresentação de um tempo de euforia espacial, um passado o qual eles foram os primeiros, na música, a enxergar com os óculos da distopia, da antiutopia. Depois de uma hora de show, havia quem assistisse já sem os óculos, interessado mais na música do que nas projeções. Um lugar menor talvez potencializasse mais os efeitos (a banda fez isso há pouco mais de um mês em Nova York, no Museu de Arte Moderna, o MoMA, com grande impacto).

Radioatividade, desumanização, Hiroshima, Fukushima, alimentação artificial, transgênicos, o carro ocupando o lugar do homem: tudo isso já tinha sido advertido pelo Kraftwerk em finais dos anos 1960, início dos anos 1970. Foram os primeiros a buscar o som de uma voz humana engolida pela máquina. Ao lado de Kubrick com seu 2001, Uma Odisseia no Espaço, eles denunciaram que o mistério não estava no monolito da tecnologia, mas na própria natureza humana.

Curioso que o Kraftwerk tenha proibido fotógrafos profissionais de registrarem seu show no Sónar - não há mais fotógrafos profissionais, todo mundo agora fotografa e grava com seus celulares e essa fronteira foi demolida. O protótipo de um computador de mesa antigo, um desktop, surgia na tela durante a música Computer World, enquanto no público as pessoas com iPads e celulares filmavam o show, um tipo de choque proposital entre obsolescência e atualização tecnológica.

O set list era uma compilação dos clássicos da banda (Man Machine, Autobahn, Radioactivity,Trans Europe Express, Numbers, Tour de France), e a performance dos quatro alemães em seus púlpitos de neon (que lembram os de pregação religiosa), com a voz "vocoderizada" de Ralf Hutter soando de vez em quando, lembrava porque a contribuição artística do Kraftwerk se equipara, em provocação, às de Joseph Beuys, Stockhausen, Marcel Duchamp, Andy Warhol, Gropius e outros que escanearam o futuro de forma irônica.

Não era apenas uma banda pop que estava ali, mas funcionava como tal, porque ao longo do seu percurso, os alemães institucionalizaram a dance music e foram responsáveis pelo surgimento de bandas como Human League, Depeche Mode, New Order, entre outros filhos do synth-pop.

O show do Kraftwerk foi histórico, mas o Sónar resolveu "abolir" a lei antifumo em recinto fechado e todo mundo começou a fumar alucinadamente, sem nenhuma atenção às recomendações da Prefeitura. O galpão virou um fog imenso. Havia banheiros em quantidade suficiente, mas muito longe dos palcos, especialmente o palco principal, e as diversas locações estavam mal sinalizadas.
A retrospectiva do Kraftwerk não foi igual à da sua última visita, quando abriram para o Radiohead, na Chácara do Jockey, em 2009. Foi modernizada, a batida é mais forte, o apelo dance ainda mais emprenhado pela tecnologia digital. Muito da força artística do Kraftwerk vem também de sua capacidade de enxergar o layout da pré-modernidade, de retirar as linhas mestras de trens, linhas férreas, usar o conceito primário de aerodinâmica como base de sua arte gráfica visual. Isso nunca foi equiparado na música pop.

Ao se despedirem, saindo um de cada vez, ao som de Music Non Stop, era como se ficasse um grande vazio no espaço, um vazio que nem toda a música que o Sónar projetasse para as próximas horas, os próximos dias, pudesse preencher. Alguns garotos diziam que pintou um certo tédio no final, mas o que é o Kraftwerk senão a reiteração crítica de nosso tédio metropolitano?

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Kraftwerk traz 15 mil óculos ao Brasil para show em 3D







Banda alemã é uma das principais atrações do festival Sónar, que acontece em São Paulo nesta sexta e no sábado.

Em abril, o Kraftwerk fez oito shows no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York. Em cada performance, tocou um de seus discos na íntegra, de "Autobahn" (1974) a "Tour de France Soundtracks" (2003). Para acompanhar a música do grupo, foram elaboradas projeções em 3D. A série foi um sucesso, com ingressos esgotados em poucas horas.

Menos de um mês depois, um apanhado desses espetáculos será apresentado no Brasil. O Kraftwerk é a principal atração do festival Sónar São Paulo, que começa nesta sexta-feira (11). A apresentação será uma espécie de resumo do que foi tocado nos oito shows em Nova York. E aqui, assim como lá, o show será em 3D.

"Toda a tecnologia vem com a banda. Além dos telões e projetores, eles estão trazendo 15 mil óculos para distribuir entre o público", diz Chico Dub, da equipe artística do Sónar. "Quanto ao repertório, só a banda sabe exatamente o que vai tocar. Eles prometeram apenas um compilado de seus maiores sucessos."

Não será pouca coisa. Formado por Ralf Hutter e Florian Schneider em 1970 em Dusseldorf, na Alemanha, o Kraftwerk é uma das bandas mais importantes do século 20. Além de ser uma das pioneiras do uso da eletrônica na música pop, é influência fundamental no surgimento do rap e da disco.

Atualmente, apenas Hutter continua no grupo - Schneider abandonou o barco em 2009. Esta será a quarta visita da banda ao Brasil. A primeira foi no Free Jazz Festival de 1998. A segunda, no Tim Festival de 2004. A terceira, abrindo as apresentações que o Radiohead fez no país em 2009.

O Kraftwerk só foi confirmado no Sónar há pouco mais de duas semanas. Eles vêm no lugar da cantora islandesa Björk, que cancelou sua vinda ao Brasil por causa de problemas na garganta.

"Se o festival tivesse acontecido no ano passado, provavelmente não conseguiríamos fechar com o Kraftwerk tão rápido. Mas, como eles acabaram de fazer esta série de shows em Nova York e também estão trabalhando em um disco novo, nós conseguimos", comemora Chico Dub.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Kraftwerk, atração principal de última hora



Um papo com Ralf Hütter, único integrante da formação original do mitológico grupo alemão


A relação não é de Homem/máquina e sim entrevistador/entrevistado Mesmo assim, Ralf Hütter, do Krafwerk — que se apresenta no Sónar São Paulo, no próximo dia 11 —, parece disposto a inverter os circuitos e faz a primeira pergunta ao repórter, assim que a assessora de imprensa do grupo faz a conexão Rio-Berlim por telefone. 

— Olá. Nós nos conhecemos? Já conversamos antes? — quer saber ele. Negativo. Afinal, entrevistas com o Kraftwerk — principalmente com o único integrante da formação original do mitológico grupo alemão — são eventos raros. — E você já viu algum show do Kraftwerk? — emenda. Positivo. Dois shows no Brasil — no TIM Festival de 2004, no Rio, ao lado do Massive Attack, e na Praça da Apoteose, em 2009, abrindo para o Radiohead — e um na Inglaterra, em 1997, no festival Tribal Gathering. 

— Ah, foi ótimo tocar naquela praça desenhada por Oscar Niemeyer. Cheguei a estudar arquitetura, e ele foi uma grande inspiração — diz ele. — E aquele show no Tribal Gathering foi especial, marcou nossa volta aos palcos britânicos depois de uma longa ausência.

Sem telefone no estúdio

Cinco anos de ausência, mais precisamente. Antes disso, o Kraftwerk — que se apresentou recentemente, por oito dias, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), dentro da instalação “Retrospective 12345678” — vivia uma relação conflituosa com os palcos, sumindo deles com razoável frequência, por nem sempre conseguir traduzir ao vivo, em alto nível, o som dos discos e a estética visual pensada pelo grupo.

Só a partir do fim dos anos 1990, com o avanço da tecnologia, é que os shows do Kraftwerk passaram a ser menos esparsos. — Nossa relação com a tecnologia sempre foi intensa, e sofríamos muito quando não conseguíamos levar as idéias para o palco do modo como queríamos.

Era frustrante não ter o equipamento adequado — conta Hütter. — Mas hoje a tecnologia está no padrão que sempre pensávamos. É quase um sonho. U m s o n h o que inclui, diz ele, o formato 3D que marcou os concorridos shows em NY. — Os shows em 3D são um marco na nossa evolução. É perfeito para a nossa linguagem visual e deu um toque especial nas apresentações no MoMA.

A exposição e aqueles shows representaram uma espécie de ciclo que se completou para a banda, que nasceu num ambiente de arte em conexão com a música. Diferentemente de outras bandas, museus não são habitats estranhos para nós.

Mas como o Sónar São Paulo não é o MoMA e o Parque do Anhembi não é o seu átrio, o show do Kraftwerk no Brasil vai ser um pouco diferente daquele apresentado em NY. — Vamos fazer um resumo daquela retrospectiva, tocando músicas de diversos álbuns. Mas o 3D está garantido. Vamos levar todo o equipamento, inclusive os óculos.

Ironicamente para uma banda tão ligada em tecnologia, seu estúdio, o famoso Kling Klang, não possui telefones. Ao menos é o que diz a lenda em torno do robótico grupo, que evita esses aparelhos para não quebrar o estado de imersão completa quando seus integrantes estão trabalhando. — Não há mesmo telefones no estúdio.

Telefones eram muito intrusivos, você nunca sabia quem estava ligando. Isso mudou hoje, claro, mas mantivemos essa postura. Precisamos de concentração total para trabalhar. Depois que saímos dali, tudo volta ao normal. Essa reclusão não parece significar uma produção intensa.

Afinal, disco novo, o Kraftwerk não lança um desde “Tour de France soundtracks”, de 2003.— Mas estamos sempre trabalhando em novas ideias, inclusive para o próximo disco. É um processo contínuo, não há pressa — garante. Parte desse processo contínuo gerou, pelo menos, o recém- lançado aplicativo Kling lang Machine (para iPhone e iPad), que permite que o usuário produza sons sequenciados como se estivesse dentro do estúdio da banda

— Ele gera sons que vão se modificando à medida que a pessoa vai interagindo com eles. É um trabalho mais atmosférico do que explosivo — conta ele, que diz ter um iPad “apenas
para funções tradicionais”. — Não o uso para fazer música. Seria excessivo. É bom ficar um pouco desconectado.

Paixão por bicicleta

Para se desconectar ainda mais, Hütter gosta de andar de bicicleta, uma notória paixão dele e da banda, que inspirou o hit “Tour de France”, de 1983. — Sou o único da banda que ainda leva essa atividade a sério. Ando sempre que posso. É um prazer incrível e um ótimo exercício — conta ele, que teve um sério acidente nos anos 1980, sofrendo traumatismo craniano após cair da bicicleta. — Mas aquilo foi há muito tempo, numa época em que íamos de bicicleta atrás do ônibus da turnê quando nos aproximávamos de uma cidade.

Hoje, não consigo mais fazer isso. Não consegui nem andar no Central Park durante nossa temporada em Nova York. Em São Paulo também não vai dar tempo, já que vamos viajar de volta no dia seguinte ao show.

Antes de a entrevista ser encerrada pela atenta assessora do grupo, Hütter faz mais uma pergunta: — Você é do Rio, não? Positivo. — Adoro a energia e o ritmo da cidade. Apesar de estarmos distantes e virmos de outro contexto, sinto uma afinidade do Rio com o Kraftwerk. O som do baile funk é um exemplo disso. É uma combinação de ritmos muito interessante.
(C.A.)

Fonte

domingo, 29 de abril de 2012

Kraftwerk Sónar Brasil






Depois de arrebatar público e crítica no MOMA em NY, Kraftwerk fará estreia exclusiva na América do Sul de show antológico no Sónar São Paulo, no próximo dia 11 de maio.

O Sónar São Paulo tem o enorme prazer em anunciar o reverenciado grupo alemão Kraftwerk, o mais importante artista de toda a esfera da música contemporânea, como o headliner do primeiro dia do festival – 11 de maio.

Em atividade desde 1970, o Kraftwerk, famoso no mundo inteiro por conta de suas performances audiovisuais, fará no Sónar São Paulo um show especial em 3-D, uma experiência inédita no Brasil e que por enquanto só foi vista em Nova Iorque.

A banda que melhor soube prever o futuro do pop, desde 2005, quando fizeram uma performance em plena Bienal de Veneza, tem sido convidada para se exibir no contexto das artes visuais, especialmente museus. Mas nada se compara ao tratamento dado há cerca de duas semanas (10-17 de abril) pelo prestigiadíssimo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa), quando durante 8 noites consecutivas, o Kraftwerk apresentou no átrio do museu o projeto “Retrospective 12345678", no qual apresentaram seu repertório completo – na íntegra e em ordem cronológica – e com acompanhamento visual em 3-D. Essa série de 8 shows foi vista por um público bastante reduzido, fazendo dela a mais disputada de todo o ano, por enquanto.

Kraftwerk é um dos nomes mais influentes não só da música dos últimos 40 anos (em especial o hip-hop e a eletrônica), mas de toda a arte contemporânea. Seus oito álbuns de estúdio – Autobahn (1974), Radio-Activity (1975), Trans-Europe Express (1977), The Man-Machine (1978), Computer World (1981), Techno Pop (1986), The Mix (1991) e Tour de France (2003) – são mais do que clássicos: são verdadeiros hinos da história recente mundial.

Formado por Ralf Hütter e Florian Schneider em 1970, na cidade de Dusseldorf, na Alemanha, em cerca de 5 anos o grupo já havia alcançado amplo reconhecimento internacional. Suas revolucionárias “pinturas sonoras”, sua experimentação musical com sintetizadores, composições com rítmos robóticos, técnicas avançadas de loop e os temas que anteciparam o impacto da tecnologia na arte e no cotidiano, influenciaram os mais variados artistas, nomes como Afrika Bambaataa, Devo, Depeche Mode, FatboySlim, Chemical Brothers, Jay-Z e LCD Soundsystem – só para ficar entre aqueles que já samplearam o Kraftwerk em suas músicas.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A balada do Kraftwerk no Rio de Janeiro - 1998



Contrariando a fama de frios e diferentes dos popstars em geral, os integrantes do Kraftwerk, sobretudo o líder Ralf Hütter, quando passaram pelo Rio de Janeiro, foram muito atenciosos com os fãs e DJs que os procuraram. Hütter, já havia acertado comigo, desde a entrevista para a DJ World, que queria conhecer a noite carioca. Quando ele chegou ao Brasil, logo rolou um encontro nos escritórios da EMI-odeon. Lá, Ralf confirmou sua vontade de sair para conhecer a noite, o que aconteceu no mesmo dia.

Após jantarem num restaurante italiano na lagoa, o quarteto  impecavelmente vestido com ternos clássicos de cortes italiano, deram uma “esticadinha” na festa febre, especializada em Jungle/Drum and Bass.  Como ainda era cedo (uma da manhã!), a Guetto, onde acontece a festa, estava vazia. Eles conversaram um pouco (contaram que no dia seguinte iam fazer um passeio turístico pela floresta da tijuca), observaram a pista de dança, e se retiraram.

Em seguida, foram até a nova casa Bunker, em Copacabana, onde acontecia a noite Jam Blaster (Black Music) Gostaram mais desta casa, que é a maior e estava mais animada, e ficaram algum tempo no local. Depois tiveram de se recolher, pois no dia seguinte haveria o passeio e também o show, que alias, foi um dos melhores shows de qualquer tipo de musica já apresentado no Brasil desde a época do descobrimento.

Na sexta-feira à noite (16 de outubro), após encerrarem o show, chamaram amigos até o camarim para despedidas. Lá, bastante animado, Ralf contou que pretende voltar ao Brasil para uma turnê por outras capitais, caso isso seja possível. Mas foi enfático ao afirmar que, com ou sem show, voltará para conhecer Brasília e sua arquitetura futurísticas (seu sonho era fazer um show do Kraftwerk na catedral da cidade) e fazer um passeio pela floresta amazônica.


Após descansar do show, Hütter foi até o Main Stage e assistiu a uma parte da apresentação do Massive Attack incógnito. Depois, voltou para o Hotel Ipanema com seus companheiros de grupo e embarcou para São Paulo na manhã seguinte. Os Homens-Máquina se mostraram bem humanos que a maioria dos rockstars brasileiros....  







quinta-feira, 19 de abril de 2012

Kraftwerk Moma



NOVA YORK - Kraftwerk é música de museu, e a afirmativa não é anacronismo gratuito. A banda que melhor soube prever o futuro do pop apresentou, por uma semana, seu repertório completo no átrio do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). 

Criadores do synth-pop e avôs da eletrônica, eles se tornaram o primeiro grupo de música popular a receber de uma instituição artística de prestígio planetário o tratamento dado a medalhões das artes plásticas em mostras definitivas. "Retrospectiva 12345678" se tornou o evento da primavera, com os ingressos mais disputados da atual temporada cultural da cidade. 

Para a derradeira apresentação, na noite de terça-feira, cambistas vendiam por US$ 500 entradas que, em fevereiro, a US$ 25, esgotaram-se em menos de uma semana. Além da possibilidade de revisitar clássicos como "Autobahn" e "Trans-Europe Express", o curador Klaus Biesenbach, diretor do PS1, espaço de arte contemporânea do MoMA, providenciou um luxuoso acompanhamento visual em 3-D. 

O público, 450 felizardos por noite, foi convidado a se imaginar no mitológico estúdio Kling Klang — localizado na parte industrial de Düsseldorf, na Alemanha, onde a banda gravou seus oito trabalhos principais, entre 1974 e 2003 — enquanto se deliciava com uma pequena rave em um dos mais nobres endereços de Manhattan. "A ideia é que você esteja no MoMA, junto com o artista, fazendo arte", afirmou Biesenbach ao anunciar a retrospectiva. 

Se não chegou a tanto, o público de terça-feira dançou por duas horas, ensaiou coreografias, brincou com os datados óculos 3D de cartolina branca e ocupou, para desespero dos seguranças, as passarelas do terceiro e do quarto andares, com vista privilegiada para o átrio. Uma das principais novidades da expansão do museu, idealizada pelo japonês Yoshio Ta$. O espaço, com pé-direito de 33,5 metros, nunca foi ocupado de maneira tão plena. 

Um DJ do Brooklyn definiu a noite como "uma grande instalação artístico-musical": — Vi o espetáculo da boca do palco, depois fui para a lateral, na esquina da lojinha do segundo andar, e, por fim, observei tudo de cima, nas passarelas. A única coisa que não fiz foi deixar o gravador de meu celular desligado. Esta música, quero guardar para sempre — contou, imaginando usar um dia um sample dos alemães, como já fizeram, com mais ou menos sucesso, gente como Afrika Bambaataa, Big Audio Dynamite, Devo, Depeche Mode, Fatboy Slim, Chemical Brothers, DJ Shadow, Jay-Z, LCD Soundsystem e Fergie, entre muitos outros. 

A primeira parte da instalação musical de terça-feira foi dedicada a "Tour de France", as 12 faixas do disco apresentadas na íntegra sob a batuta do ciclista Ralf Hütter, 65 anos, o único remanescente da formação original do Kraftwerk. Ele dividiu o palco com o careca Henning Schmitz, 59, o grisalho Fritz Hilpert, 55, e o louro Stefan Pfaffe, 32. Desde o primeiro som os quatro foram acompanhados por sombras em tamanho gigante de si mesmos, projetadas na tela. 

Os efeitos gráficos as transformavam em fantasmas sacolejantes, contrapostas aos corpos robóticos e quase mudos dos músicos de carne e osso. Além dos poucos efeitos vocais e de imagem criados pelos quatro "operadores" (como preferem ser chamados) a partir dos enormes consoles localizados à frente dos artistas, o público recebeu um "até breve" de Hütter ao fim da maratona eletrônica. E só. 

O resto foi música. Na expressão cunhada por Biesenbach, compatriota de Hütter e fundador do Instituto de Arte Contemporânea de Berlim, o som do Kraftwerk é uma "pintura musical" criada a partir de sugestões melódicas, vocábulos oriundos de diversas raízes linguísticas, ritmos robóticos e o uso originalíssimo de sintetizadores vocais. 

No MoMA, tal pintura se traduziu em trilha sonora de um indisfarçado saudosismo pela modernidade. Faixas dos outros discos do Kraftwerk — "Autobahn" (1974), "Radio-Activity" (1975), "Trans-Europe Express" (1977), "The Man-Machine" (1978), "Computer world" (1981), "Electric Café/Techno pop" (1986) e "The mix" (1991) — foram apresentadas na ordem e levaram o público a expressões de êxtase que contrastavam com a fleuma dos músicos. 

Um Fusca cinza apareceu na tela que tomou forma de um gigantesco videogame a guiar o público por uma estrada em "Autobahn". À viagem por campos e parques industriais seguiram-se o trem de "Trans-Europe Express", em que as únicas luzes estão nas cabines dos vagões, o sol negro do gerador nuclear de "Radio-Activity" e as notas musicais em tamanho gigante que voavam sobre a plateia em "Techno pop". KGB, Hiroshima, robôs, o bate-estaca industrial, arcaicos computadores pessoais. 

O mundo ocidental do século passado atravessou a passarela no museu das grandes novidades da "Retrospectiva 12345678". A vanguarda que ele um dia representou é hoje o lugar-comum da música popular. 

Enquanto o novo disco, prometido para este ano, não sai do alto-forno de Kling Klang, quem passar por Nova York até maio ainda pode aproveitar os oito vídeos selecionados por Biesenbach em exposição no PS1, no Queens. É música de museu, no melhor dos sentidos.


terça-feira, 17 de abril de 2012

Dj Party






















quinta-feira, 12 de abril de 2012

Moma Radio-Activity



Pequeno vídeo feito pela revista Americana Rolling Stone sobre a segunda apresentação do kraftwerk no MoMA

Sex Object


Casal troca ingresso de show do Kraftwerk por sexo


Está na Craiglist, a principal rede de anúncios dos EUA.

Antes, um pouco de contexto. Talvez o principal nome da história da música eletrônica, a banda alemã Kraftwerk anunciou em janeiro que iria se apresentar por oito noites consecutivas no MoMA, o museu de arte moderna de Nova York.

Na série “Kraftwerk-Retrospective 1 2 3 4 5 6 7 8?, o grupo mostra em cada noite as músicas de um de seus discos. Os shows começaram em 10 de abril e vão até o próximo dia 17. Os ingressos evaporaram assim que foram colocados à venda.

Na apresentação desta sexta-feira (dia 13), o Kraftwerk apresentará as faixas do disco “The Man Machine” (1978). Um casal nova-iorquino colocou um anúncio no Craiglist “vendendo” um par de ingressos. Eles dão as entradas para um outro casal, com algumas condições.

Resumindo:o casal tem de ser “muito bonito”; tem de alugar uma limusine para ida e volta do show; a limo deve estar equipada com “requisitos necessários” para iniciar e terminar uma “noite épica” (o anunciante diz que explica melhor por e-mail); tem de se sentir confortável com “soft swap” (no mundo dos swingers, casais que trocam de parceiros, mas nada de sexo hardcore).

A história chegou até ao espanhol El País. Abaixo, para entrar no clima, o Kraftwerk com “The Model” ao vivo, em São Paulo, em 2009.



sexta-feira, 6 de abril de 2012

A caixa preta




Aproveitando a "Kraftwerk - Retrospective 1 2 3 4 5 6 7 8" que acontecerá no MoMa em abril de 2012, O kraftwerk resolveu lançar uma edição especial do Box Katalog que foi lançando em 2009. 

Essa edição especial contém os 8 principais álbuns (remasterizados) da banda alemã em uma caixa preta com tiragem limita de 2.000 cópias. 

Aparentemente, essa edição especial não é muito diferente da versão anterior, a não ser pela mudança da cor branca pela preta.

A edição especial será vendida exclusivamente através do  Moma.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

A auto-estrada





Apesar de ser o quarto álbum do Kraftwerk, Autobahn é  considerado o verdadeiro ponto de partida da banda. Ralf Hütter e Florian Schneider tinham se conhecido em 1968 e formado grupo – e seu estúdio eletrônico experimental Kling Klang-  no início de 1970.

Depois de anos tocando no circuito universitário, em clubes e galerias de arte, onde aperfeiçoaram sua música, Ralf Hütter e Florian Schneider compuseram e gravaram a faixa-título “Autobahn” – uma sinfonia à base de sintetizadores -, numa parceria com o poeta e pintor Emil Schult. Inspirada pelas longas viagens nas auto-estradas alemãs, a música marcou a separação definitiva da banda e de seus colegas de Krautorock.

Em Autobahn, com a participação dos percussionistas Wolfgang Flür, e Karl Bartos, Hütter e Schneider cristalizaram o som primitivo e a imagem fria que se caracterizavam o kraftwerk.

O Álbum contém obras sublimes da “Electronic-Volks-Musik”, como as faixas “Mitternacht”, “Morgenspaziergang” e “Kometenmelodie”, mas a foi a faixa-título que se tornou o símbolo da carreira internacional do Kraftwerk.

O Álbum foi um sucesso nos Estados Unidos e na Europa e virou um marco do pop minimalista de vanguarda. Com disse Ralf Hütter, em 2003 “Em Autobahn, nós colocamos barulho de carros, metais, melodias básicas e motores afinados. Ajustamos a suspensão e a pressão dos pneus, rolamos pelo asfalto e usamos aquele som intermitente quando as rodas passam por cima das faixas. É uma poesia sonora, muito dinâmica.”

Autobahn é cinema para os ouvidos.

“As vezes, eu sinto o gosto dos sons. Há mais sensações do que aqueles captadas pelo ouvido. O corpo inteiro pode sentir os sons.” Florian Schneider, 1975

Fonte: 1001 Albums You Must Hear Before You Die





quarta-feira, 4 de abril de 2012

UMF Miami 2012



Kraftwerk's Setlist 

Numbers
Computer World
We Are the Robots
Planet of Visions
Autobahn
Tour de France
Computer Love
Radio-Activity
Trans-Europe Express
Home Computer
Music Non Stop

quarta-feira, 28 de março de 2012

Os Homens e as máquinas


O criativo projeto artístico do kraftwerk deu uma guinada conceitual em The Man-Machine. A capa simbólica fazia referência ao modernista russo El Lissitzky e as músicas falavam de um mundo cada vez mais autômato de alienação urbana, de engenharia da era espacial e de fama sem glamour. 

Essa visão futurista da fusão da humanidade com a tecnologia está presente tanto na faixa-título como em “The Robots”, outra piada em cima da imagem andróide da banda. 

Para o lançamento do álbum, o quarteto de Düsseldorf encomendou robôs iguaizinhos a seus integrantes, que passaram a ser acessórios permanentes dos shows. O uso de vozes sintéticas se tornaria uma característica do som sempre em evolução do kraftwerk. 

Mas The Man-Machine também contém algumas das cancões mais atemporais da banda. Acentuada pelos vocais melancólicos de Ralf Hütter, “Neon Light” é uma música dolorosamente romântica, enquanto “The model” é uma sátira à indústria da beleza, tão a frente de seu tempo que chegou ao primeiro lugar das paradas inglesas três anos após o lançamento do disco.

Esse retrato profético da cultura da celebridade se tornou um cartão de visitas do Kraftwerk e inspirou gerações de artistas – dos pioneiros do technopop dos anos 1980, como Human League, New Order, Pet Shop Boys e Depeche Mode ao recente movimento “eletroclash”. 

A grande conquista de The Man-Machine não é apenas a influência que exerceu, mas a sua capacidade de síntese. Um exame minucioso das faixas revela variações de minutos nos temas percussivos repetitivos e há uma interação quase clássica entre as partes de sintetizadores. 

Em seu sétimo álbum, o Kraftwerk provou que o poder da musica eletrônica não estava em truques elaborados, mas na simplicidade zen do domínio científico.




quinta-feira, 1 de março de 2012

Kraftwerk at MoMA


Mostra leva Kraftwerk de volta para o futuro

Banda alemã tocará cada um de seus LPs em retrospectiva no MoMA de Nova York

Jon Pareles - The New York Times

Linhas de sintetizador repetitivas e pulsantes. Vozes robóticas. Isso é boa parte da música pop de 2012 — e era também o som, lá em 1974, do Kraftwerk, uma banda alemã que hoje pode dizer, com segurança, que viu o futuro. Com uma visão muito à frente do seu tempo, o Kraftwerk (termo em alemão que quer dizer “usina de força”) se instituiu nos anos 1970 como “o homem-máquina”, casando o impulso humano com a inflexível eletrônica na forma de ciborgues impassíveis. O grupo pode se afirmar como fundador do synthpop, da dance music eletrônica e até do hiphop.

As imagens geométricas estilizadas das capas de seus discos e dos seus shows misturaram de forma elegante ficção científica e retrofuturismo. Agora, o Museu de Arte Moderna (MoMA) apresenta a mostra “Kraftwerk —Retrospective 1 2 3 4 5 6 7 8,” de 10 a 17 de abril, com a banda tocando cada um de seus LPs — de “Autobahn” (1974) a “Tour de France soundtracks” (2003) — ao longo de oito noites.

O Kraftwerk já tinha uma carreira em 1974, quando uma edição de quatro minutos de sua canção “Autobahn” (que originalmente tem 22 minutos) se tornou um improvável sucesso mundial. A banda era parte de um movimento alemão conhecido como krautrock.

Seus primeiros discos traziam faixas longas e improvisadas, que uniam minimalismo e psicodelia, e tinham uma flauta tocada por Florian Schneider, que fundou o Kraftwerk com o tecladista Ralf Hütter (hoje, único membro original ainda na banda). “Autobahn” foi o ponto de virada, com a opção pela eletrônica, pela repetição e pelas letrascalmas e ambíguas.

Ao longo dos anos , o Kraftwerk falaria sobre transportes e tecnologia — uma rodovia, um trem, uma calculadora de bolso, um computador pessoal... — e deixaria seus ouvintes decidirem se eles estavam celebrando, ironizando ou alertando sobre os perigos de seus tópicos. No PS1, equipamentos antigos Seus instrumentos, que eram avançados, hoje parecem primitivos: sintetizadores analógicos e uma limitada bateria eletrônica. Mas o Kraftwerk foi se atualizando, incorporando sintetizadores digitais, animação computadorizada e artefatos de palco como os robôs que replicam os integrantes da banda.

Os shows do Kraftwerk serão no átrio principal do museu, onde cabem 450 pessoas. Eles terão cenários, vídeos em 3-D e alguma improvisação musical. Enquanto isso, a mostra com os equipamentos antigos de áudio e vídeo da banda — robôs incluídos — será incorporada a uma instalação visual e sonora no Performance Dome do MoMA PS1, de 10 de abril a 14 de maio.