quinta-feira, 21 de julho de 2016

SOUNDS & PERFORMANCE MAGAZINE 2009 - The Future Is Virtual - Music Tech Talk With Fritz Hilpert





Como as tecnologias de hoje influenciam suas composições musicais?


Cada tecnologia tem sua própria dinâmica e características específicas que inspiram novas ideias. Tome samplers por exemplo: Sua chegada mudou a produção de música naquele momento. Mas o progresso tecnológico é claro que não parou por aí.  A versatilidade de hoje dos sistemas modulares virtuais é um grande exemplo. Suas possibilidades vão muito além dos recursos fornecida por seus antecessores analógicos. Experimentos com tais instrumentos ajudar a inspirar novos conceitos musicais. O elemento de "random" sempre desempenha um papel importante na produção musical.


Quais equipamentos vocês usam em suas apresentações?

Desde de 2002 e no início da nossa tournê Minimum Mximum temos trabalhado com dez notebooks baseados no processador Intel Pentium 4 - M, tanto no estúdio e no palco. Quatro deles executam o Steinberg Cubase SX, os outros para conduzir e controlar o nosso sistema de vídeo. Distribuir a carga de trabalho de quatro sistemas de áudio garante que o computadores têm espaço suficiente para lidar com todo o midi-controlador de entrada e sinais de sincronização. Nós também usamos estações de trabalho baseados em Intel dual-processor como o nosso sistema principal para edição de vídeo no estúdio. Atualmente, estamos no processo de testes da tecnologia móvel Intel Centrino Duo para performances ao vivo.

Falando em performances ao vivo, o quão importante é a tecnologia móvel para música hoje em dia? 

A tecnologia móvel para música e a confiabilidade dos notebooks e dos softwares, ajudaram a simplificar a realização do ‘set up’ de turnês mais complexas:Nós geramos todos os sons com os laptops em tempo real e manipulamos tudo com os controladores. E nem leva muito tempo para termos o nosso palco (setup) de apresentação.

O desenvolvimento da tecnologia em música está evoluindo de uma forma muito rápida. Onde você acha que este desenvolvimento estará nos próximos anos?

Não há nenhuma maneira de evitar o progresso da tecnologia em estúdio virtual. Até o momento, esta tecnologia foi usada principalmente para recriar os elementos e fluxo de trabalho de estúdios de hardware no computador. Muito em breve, porém, mesmo o último dispositivo análogo ‘vintage’ terão sido virtualizados. Nós esperamos ver novos resultados de laboratórios científicos e institutos de pesquisa de som. Eles têm trabalhado em romper os processos de composição e produção convencionais por algum tempo agora. Alguns instrumentos virtuais - como os da Steinberg - já são concebidos dessa forma, e essa tendência vai continuar.

Você às vezes não perde a "sensação" e "intuitividade" do equipamento analógico?

Na verdade não. Nós trabalhamos com tecnologia virtual, quase exclusivamente, por vários anos. Desta forma, podemos trazer o nosso estúdio Kling-Klang  conosco no palco. O peso leve (físico) dos nossos equipamentos, também se traduz em uma enorme facilidade de utilização, quando se trabalha com sintetizadores de software e processadores de som. Cada ferramenta  imagináveis está ao alcance imediato ou apenas alguns cliques do mouse na Internet.

domingo, 17 de julho de 2016

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Rock & Folk Magazine - Ralf Hütter e Florian Schneider - November 1976


Rock&Folk - Porquê vocês fizeram aquela viagem para Los Angeles no verão passado?

Ralf Hütter - Nós fizemos uma mixagem final no estúdio Record Plant. Mas principalmente é porque nosso álbum evoca a cultura européia, ele é espiritualmente europeu e esta é uma nova consciência que nós descobrimos durante nossa viagem pelo continente americano em 75. Todos nos perguntavam como era a vida na Alemanha, em Paris. As pessoas queriam saber como estava nossa cultura naquele ponto. Elas costumavam dizer que nós não éramos rock'n'roll, então graças a estas viagens transatlânticas nós descobrimos nossa identidade cultural como europeus.

Rock&Folk - Em seu show, vocês tocaram duas novas músicas referentes à Europa: "Europe Endless" e "Trans Europe Express". Vocês realmente acreditam nesta consciência européia? Vocês não são mais alemães?

Ralf Hütter - Isto não é um sentimento nacionalista...a cultura da região do Reno é nossa formação cultural. O que nos surpreendeu nos EUA é que todos mostram sua própria formação, mais do que na Europa, embora nós tenhamos museus e uma história muito rica. Nos Estados Unidos, no entanto, há somente "guetos", então as pessoas são questionadas para mostrar sua formação em um nível psicológico e individual...

Florian Schneider - Quando você está em um estúdio americano, há um distanciamento que permite a nós ver tudo isso muito claramente.


Ralf Hütter - Na Alemanha, os jovens tocam música americana, e nós, em Hollywood, tocamos música alemã...

Florian Schneider - Quando eu ouvia músicos americanos, é claro que isto não tinha nada a ver com aqueles jovens alemães que achavam que tocavam de forma "americana"...

Rock&Folk - Vocês não acham que estão na mesma posição que Fritz Lang, fazendo algumas produções americanas (thrillers) em Hollywood, mas filmes impregnados de uma cultura expressionista alemã?

Ralf Hütter - Sim, de certo modo. A distância permite ver mais claramente. Para ter consciência das coisas, você deve sair e observar. Para nós, o problema era sair para fora de nós mesmos, fora de nossa existência limitada pelas mesmas turnês pela Alemanha, para olhar para nossa própria cultura à distância.

Rock&Folk - Vocês poderiam explicar seu sucesso atual através dessa conscientização?

Ralf Hütter - Eu não tenho nenhuma explicação racional, ainda mais para as pessoas, na França por exemplo, compram nossos discos mas não vêm realmente aos nossos concertos.


Rock&Folk - Desta forma, como vocês explicam esta diferença entre os álbuns e as turnês?

Ralf Hütter - O álbum sempre começa de um conceito: "Radioactivity" veio de uma idéia que nos fascinou por muito tempo, o conceito de rádio e todos os fenômenos das ondas do ar, como a transmissão do material radioativo. Nós estávamos envolvidos por aquelas coisas, concluindo a idéia de que aquele álbum já estava em nossas cabeças no mínimo havia três anos. Durante nossa primeira turnê nos EUA, nós visitamos todas as rádios independentes, onde nós nos víamos como uma estação de rádio...mas é impossível montar algo como aquilo na Alemanha, por causa do monopólio estatal. Então, a única forma de fazer isto é através dos discos, e usar os shows para aumentar ainda mais a "mídia do disco". Mas poucas pessoas ainda vêm aos nossos shows, por causa da dificuldade de imaginar que esta é uma banda que toca sua música e que ela não pode ser totalmente reproduzida ao vivo. Elas achavam que era só trabalho de estúdio... como Sargent Pepper's, por exemplo, o qual os Beatles não tocavam ao vivo porque eles sabiam somente três acordes.

Rock&Folk - Algumas pessoas maldosas compararam o sucesso de "Radioactivity" ao sucesso de "Pop Corn"...

Ralf Hütter - "Pop Corn" foi somente um "truque". Não havia ninguém por trás daquilo, enquanto que para "Radioactivity", é nosso dever (e talvez mesmo de vocês) mostrar o que está por trás disso. Foi indispensável para nós produzir aquele álbum e ir além daquilo. É uma etapa e o testemunho de um momento.

Rock&Folk - Aquele disco fascinou pessoas como Bowie e Iggy Pop...

Ralf Hütter - Isto é normal. É um pouquinho como um instantâneo, um diafragma que lança luz exatamente sobre um aspecto mental e musical que ninguém havia pensado antes. Aqui, as pessoas sempre estavam tirando fotos de ingleses e americanos, e nós tínhamos que virar a câmera e tirar uma foto de nós mesmos para nos mostrar para a mídia, porque a geração alemã pós-guerra permanecia nas sombras: aqueles que eram mais velhos que nós tinham Elvis e Beatles como ídolos...estas não eram opções ruins, mas se nós esquecemos completamente nossa identidade, nos tornamos rapidamente "vazios" e sem consistência. Há toda uma geração na Alemanha, entre os 30 e 50 anos, que perdeu sua própria identidade, e que ainda não teve uma.

Rock&Folk - Então vocês pretendem estar preparados para ajudar a juventude alemã a encontrar sua própria identidade?

Ralf Hütter - A vida cultural da Europa central foi interrompida nos anos 30, e todos os intelectuais foram para os EUA ou para a França, ou foram eliminados. Nós pegamos de volta aquela cultura dos anos 30 a partir do ponto em que ela foi deixada, isto em um nível espiritual...

Florian Schneider - Instrumentos eletroacústicos foram desenvolvidos na Europa, na Alemanha, na França...

Rock&Folk - Então vocês fazem uma conexão entre a cultura do passado, mas utilizando ferramentas modernas, e usando os meios de comunicação em massa no formato americano...

Ralf Hütter - O gravador de fita foi inventado na Alemanha! Nós também usamos microfones na Alemanha. Mas, é claro, não há uma questão de um culto nacional...

Rock&Folk - Para algumas pessoas, vocês estão fazendo uma música primária, embora suas justificativas musicais sejam altamente intelectuais.

Ralf Hütter - A verdade é que é muito difícil compor algo tão simples como "Autobahn", difícil de desenhar a linha mais curta entre dois pontos...

Florian Schneider - É como na ciência: pode parecer muito simples, átomos e radioatividade...uma vez que é descoberto!

Rock&Folk - É porque vocês precisam se sentir próximos ao público que vocês escolheram o mundo do rock e mencionam os Beach Boys como referência?

Ralf Hütter - Sim, em suas canções eles conseguem concentrar o máximo de idéias fundamentais. Daqui a 100 anos, quando as pessoas quiserem saber como era a Califórnia nos anos 60, bastará ouvir uma faixa dos Beach Boys.

Rock&Folk - Então, da mesma forma, quando as pessoas quiserem saber algo sobre a Europa em 1976, elas irão ouvir Kraftwerk?

Ralf Hütter - Sim, eu espero. Se nosso trabalho de comunicação realmente funcionar bem...

Rock&Folk - Então, em qual direção vocês estão trabalhando? Em direção a algo mais "robótico"?

Ralf Hütter - O aspecto "visual" do nosso trabalho será ampliado. Quando você trabalha com fita, ela gira, ela se torna um filme, além da música. Eu não quero dizer que iremos produzir filmes - nós já produzimos um, bem curto - iremos fazer melhor: durante os shows, incluir balés eletrônicos nos quais iremos atuar nós mesmos, fazendo movimentos com nossos corpos, movimentos que correspondem a certas vibrações...alguns conceitos novos nos quais estamos trabalhando para nossa próxima turnê. Nós temos máquinas que permitem que estas idéias se tornem realidade, e enquanto elas fazem isto, nós podemos ir adiante, para um próximo passo...

Florian Schneider - As outras bandas alemãs, com a ajuda de suas máquinas, estão fazendo uma viagem retrospectiva, enquanto nós estamos fazendo uma viagem adiante.

Rock&Folk - Para as outras bandas "espaciais" alemãs, parece que elas se recusam a ver as máquinas como elas são, e elas propõem uma meditação, ao invés disso. Para vocês, as máquinas exibem-se como elas mesmas e tornam-se uma forma de provocação, de agressão...

Ralf Hütter - É agressão e beleza agressiva.

Florian Schneider - Nós também temos melodias, tentamos criar um contraste entre estes dois elementos.

Ralf Hütter - Nós compomos nossas melodias enquanto cantarolamos no estúdio, e o ritmo vêm dos sons das máquinas.

Rock&Folk - Em relação ao que as pessoas vêem no palco, é uma referência consciente aos grandes filmes expressionistas alemães como "O Gabinete do Dr. Caligari" ?

Ralf Hütter - Sim, realmente, nós trabalhamos nisto...

Florian Schneider - Às vezes eu fico assustado com todas aquelas coisas no palco, é tão difícil. Há muito barulho, mas funciona como uma fascinação sado-masoquista.

Ralf Hütter - Na música eletrônica, diferente do que as pessoas pensam, a psicologia faz a grande parte.

Rock&Folk - Quando nós fomos juntos à exposição "Máquinas Celibatárias", vocês pareciam fascinados pela maioria das máquinas diabólicas...

Ralf Hütter - Nós éramos solteiros (celibatários) também (risos)!

Rock&Folk - Conte-nos sobre seu encontro com David Bowie e seus projetos...

Ralf Hütter - Nós já deveríamos ter trabalhado juntos, mas o sucesso do último álbum nos forçou a fazer uma turnê até outubro, e nossos projetos foram adiados. Mas, com Bowie, o que nos aproximou um do outro foram principalmente considerações sobre psicologia. É o mesmo com Iggy. A propósito, nós dedicamos uma canção de nosso novo álbum a eles (TEE)... Eles são como nós, grandes fãs de trens. Nenhuma outra banda poderia evocar o mundo dos trens melhor do que nós, eu acho. A música metálica, metal no metal... Nós iremos gravar com Bowie. Ele virá à Düsseldorf em breve para isso. Nós ainda não sabemos o que iremos fazer juntos, é mais um encontro...

Florian Schneider - Nós sempre estivemos interessados pelo que Bowie está fazendo, especialmente nos seus últimos álbuns (*Heroes, Low). Ele começou do rock, e está agora nos passos da música eletroacústica, enquanto nós fizemos o caminho inverso, da música eletrônica para o rock...então eu acho que aconteça o que acontecer será sensacional.

Ralf Hütter - Eu acho que é o mesmo tipo de pesquisa para a criação do homem sintético. Nós éramos fascinados pela criação deste conceito e tentamos desenvolvê-lo por nós mesmos, sem a ajuda de um produtor. Qualquer um que trabalhe no show business espera por outra pessoa para criar sua imagem específica. Nós dissemos a nós mesmos: não queremos esperar, vamos descobrir a nós mesmos sozinhos.

Florian Schneider - Geralmente, por trás das estrelas, há sempre um Coronel Parker (*o empresário de Elvis)...

Rock&Folk - Vocês acham que as pessoas estão fazendo o equivalente ao seu trabalho em filmes, pinturas, etc...?

Ralf Hütter - Emil Schult, que trabalha conosco, é um aluno de Joseph Beuys, o mais famoso mestre alemão das artes visuais, um dos criadores do grupo Fluxus, interessados em ações e performances. Emil trabalha no lado visual de nossos shows e escreve algumas das letras. Na Alemanha, já faz uns cinco anos, há um grande movimento de cineastas independentes dos quais nos sentimos bem próximos. Por exemplo, Fassbinder usou nossa música para seu próximo filme "A Roleta Chinesa", e nós trabalharemos com ele novamente no futuro. Toda esta consciência paranóica é uma especialidade dos filmes alemães. Todo jovem cineasta alemão é constrangido pela câmera...

Rock&Folk - Como nos filmes expressionistas nos quais havia somente uma visão poética da realidade...


Ralf Hütter Sim,Exatamente.

Rock&Folk - Qual é o significado de "Europe Endless", esta nova música que vocês cantam no palco?

Ralf Hütter - Nós viajamos por toda a Europa, e especialmente após a turnê nos Estados Unidos, nós percebemos que a Europa é principalmente "parques e velhos hotéis"..."praças e avenidas"..."vida real"...vida real, mas em um mundo de cartões postais. A Europa, quando nós voltamos dos Estados Unidos, era somente uma sucessão de cartões postais.

Rock&Folk - Vocês foram a alguns concertos durante sua viagem aos EUA? Vocês assistiram aos Beach Boys ao vivo?

Ralf Hütter - Sim, nós os vimos em um grande estádio. Foi incrível, como um renascimento. Há uma canção maravilhosa e comovente em seu último álbum, "Once in my life". Eu gostaria de me atrever a dizer uma vez na vida o que Brian Wilson diz naquela canção...

Rock&Folk - De onde vem sua paixão pelos Beach Boys ?

Ralf Hütter - A inteligência de seus pensamentos em relação à realidade americana, colocada nos discos.

Florian Schneider - Quando nós percebemos como era a Califórnia e Hollywood, estávamos prontos para dizer: sim, é exatamente isso, é como nas canções dos Beach Boys.

Rock&Folk - E vocês gostariam que as pessoas dissessem o mesmo em relação à sua música e a Europa, e especialmente a Alemanha ?

Ralf Hütter - Isto é exatamente o que Bowie nos disse: quando ele vem para nos ver em Düsseldorf em sua Mercedes, ele pega a rodovia enquanto ouve "Autobahn" no carro. Ele diz: é exatamente assim, está tudo em sintonia.

Rock&Folk - E com Iggy Pop?

Ralf Hütter - Nós o encontramos em um elevador, e foi um contato real e imediato. Eu sempre gostei do que os Stooges faziam: eles "ousavam". Com a eletrônica, você pode se esconder atrás das máquinas, ou você pode se expor. Há várias formas de se exibir. Provavelmente nós estávamos também interessados em Iggy por causa das performances do Fluxus nas quais eu estava envolvido quando era estudante... "ação, ação, baby!". Com instrumentos eletrônicos, você pode estar sozinho, totalmente só no palco, como Iggy: você não precisa ter uma guitarra para se esconder. Para cada uma das descobertas físicas do rock correspondem algumas descobertas psicológicas terríveis e fundamentais, como ler um livro que muda a visão de mundo que você tinha antes. Após isto, você nunca caminha exatamente da mesma forma.

Rock&Folk - Porquê vocês estão usando este estranho sistema no lugar da percussão?

Ralf Hütter - Iggy Pop, por exemplo, era um baterista e ele parou de tocar mais tarde. Ele se tornou cantor. Com a percussão, o baterista se esconde atrás de uma "ação". Nosso propósito foi abrir, dar um passo adiante e produzir música para alto-falantes poderosos. Nós não poderíamos consegui-lo com um baterista tradicional: com nossos dois percussionistas, nós trabalhamos meses para desenvolver aquele sistema, e ele mudou nossas vidas.

Rock&Folk - O que estes dois bateristas representam comparados a vocês dois?

Ralf Hütter - Eles são parte do Kraftwerk. É claro, com Florian nós tocamos músicas por dez anos, enquanto eles trabalhavam conosco por três anos apenas, eles penetraram lentamente no universo Kraftwerk. Nós não poderíamos tocar nossa música com qualquer um. É importante estarmos preparados para nos compreendermos uns aos outros, porque o humor eletrônico não é evidente para todos.

Rock&Folk - Por favor, dê um exemplo deste humor eletrônico...

Ralf Hütter - Bem, você pode ouvir "Autobahn" e então dirigir na auto-estrada. Então você irá imaginar que seu carro é um instrumento musical. Muitas coisas podem ser divertidas...é uma filosofia real de vida que surge da eletrônica.

Rock&Folk - Algo como seu gosto por roupas e sapatos cinzas, talvez?

Ralf Hütter - Sim, tudo vem de uma consciência diante de gravadores, câmeras, todas aquelas máquinas produzidas pela eletrônica.

Rock&Folk - Qual é exatamente a função de Emil Schult ?

Ralf Hütter - Ele é nosso agente, ele escreve letras, toma conta das luzes.

Florian Schneider - Quando eu encontrei Emil, e quando ele mostrou seus desenhos para mim, achei que eles se pareciam com nossa música.

Rock&Folk - Vocês poderiam se separar algum dia?

Ralf Hütter - Nós já tentamos, mas não funcionou. Nossa cumplicidade é tão estimulante: nós descobrimos uma série de coisas porque estávamos juntos, e sozinhos nós nunca estaríamos onde estamos agora. É uma dualidade necessária...kling-klang.

Rock&Folk - E o novo álbum? (* Viria a ser Trans Europe Express)

Ralf Hütter - Ele será lançado em janeiro. Nós ainda temos muito trabalho a fazer, porque desde que nós tivemos a chance de tocar as novas músicas ao vivo, nós percebemos o que não funciona. De um lado, nossa música é muito simples, montada ao redor de um roteiro, mas ao mesmo tempo muito experimental. As novas músicas estão sempre nascendo das velhas, como um novo galho crescendo em cima de outro. No nome do álbum, haverá é claro a palavra "Europe", e a capa será feita de uma série de espelhos refletindo nossas imagens. A propósito, há uma música chamada "The Hall of Mirrors" no álbum: a história do que nós fizemos desde o início, nossa viagem psicológica, de certo modo o outro lado do espelho.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Japan Nakano Sun Plaza 1981

Bootleg são gravações não oficiais feitas por fãs, ou por alguma pessoa presente em algum determinado show. essas gravações podem ser em áudio ou em vídeo.

No caso aqui da banda kraftwerk, há um extenso material não oficial divulgado pela web de suas apresentações e entrevistas. Em suas primeiras apresentações, já existiam esse tipo de registro, muito deles ainda desconhecido do público da banda e, com uma certa dúvida, até eles próprios (kraftwerk), não sabem da existência desse tipo de produto.

Aqui nesse Bootleg da apresentação no Japão, em 9 de julho de 1981. Temos o quarteto alemão desferindo ao vivo as principais canções do recém lançado álbum Computer World. Na época de seu lançamento, o grupo já vinha recebendo vários elogios por esse trabalho, além de uma grande e correta publicidade na divulgação desse visionário trabalho.

Gravações não oficiais do quarteto germânico, começaram a chegar aos ouvidos dos fãs a partir do início da década de 1990, devido ao advento de mídias digitais como o CD. Aqui nesse caso um CD-R. E desde então, há sempre nova edições desse tipo de material em diversas mídias com faixas raras e artes diferentes.

Esse Bootleg intitulado  "Kraftwerk ‎– Live In Tokyo, Japan Nakano Sun Plaza", editado por um selo mexicano chamado Eye of the storm, é sem dúvida, o mais original até o momento (aqui no ano de 2016). O conteúdo sonoro, é o mesmo de outras gravações, que por sinal - umas das melhores se tratando de uma gravação amadora -, mas a arte (embalagem), desse disco, refaz, quase que exatamente, o formato físico de um disquete 5.25" da empresa BASF, que foi muito utilizado em décadas passadas,  em computadores como armazenador de dados digitais.

Junto com esse CD-R há um pequeno texto explicado como a banda alemã se encontrava na época,  logo abaixo há uma tradução/adaptação desse mesmo escrito incluído as imagens.  
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"Em maio de 1981 kraftwerk liberou o álbum Computer Wolrd (Computerwelt em alemão) pela EMI Records. Ele foi gravado no KlingKlang estúdio entre 1978 e1981. Um pouco desse tempo foi desperdiçado modificando o estúdio, para que pudessem leva-lo em turnês.

Algumas das vozes eletrônicas foram feitas usando um tradutor de idiomas da Texas Instrument.

Computer love foi lançada como single Lado B junto com faixa The Model do álbum Man Machine. Porém o DJ estava mais interessado no B-side do single, que depois foi reimpressão e relançado com The Model no lado do single.

O single alcançou a posição numero 1 na Inglaterra. Fazendo a faixa The Model, como o maior sucesso a banda. Como tal, Man Machine acabou pegando a posição 9 na classificação dos discos em fevereiro de 1982. Tornando Man Machine um sucesso no Reino Unido.

A apresentação ao vivo da banda, era focada cada vez mais baseado no material musical (conceito). Com o grande uso de vocais e do equipamento (sequenciador) para a percussão e linhas musicais (base rítmica). Essa abordagem feita pelo grupo era usar os sequenciadores interativamente, assim, permitindo a eles, a criar um ambiente para improvisação.

Ironicamente, kraftwerk não possuía nenhum computador durante a gravação do álbum Computer Wolrd. 

Kraftwerk retornou aos palcos com a Computer Wolrd tour em 1981, onde o grupo, pegou literalmente o estúdio KlingKlang e o levou para estrada. 

A banda também desenvolveu incríveis elementos visuais nos shows ao vivo. Isso inclui projeção de slides e filmes em telões.  Em sincronia com a música, isso inclui o uso de instrumentos portáteis miniaturizados em Pocket Calculator, e talvez, a mais famosa, o uso de réplicas deles mesmos para a apresentação durante a canção The Robots."







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Kraftwerk live at Nakano Sun Plaza, Tokyo Japan on 07.09.1981

Tracklist/歌のリスト
01. Beethoven-Intro (not Kraftwerk)
02. Numbers: [02:01]
03. Computerworld: [03:10]
04. Computerlove: [08:20]
05. Homecomputer: [13:55]
06. Neonlicht: [18:44]
07. Autobahn: [26:58]
08. Schowroom Dummies: [44:34]
09. Trans-Europe Express: [50:09]
10. The Robots: [59:27]
11. It's More Fun to Compute: [01:06:31]