domingo, 1 de maio de 2022

Klaus Schulze (1947 — 2022)

Membro dos Tangerine Dream e Ash Ra Tempel, morre aos 74 anos


No final dos anos 60, ao lado de outros nomes alemães, Klaus Schulze personificou tanto a emancipação do traumático passado, como das influências anglo-americanas, para a criação de um vocabulário próprio, a partir do psicadelismo ou da electrónica experimental, o chamado “krautrock”. Começou na bateria, tendo integrado os Tangerine Dream no final da mesma década, antes de iniciar a aventura com Ash Ra Tempel, ao lado de outra figura relevante, Manuel Gottsching

Mas foi quando decidiu enveredar por uma carreira a solo, a partir de 1972, que se viu a afirmar definitivamente.

Rapidamente, ao lado dos Can, Neu!, Faust, Tangerine Dream ou do Kraftwerk, granjeou culto, sinalizando um novo futuro dominado pela tecnologia, constituindo uma manifestação da capacidade de regeneração alemã, recusando tanto o passado, como a influência maciça americana na cultura popular.

Muito do que de significativo aconteceu depois da segunda metade dos anos 70 no campo das composições  electrónicas, seja as mais ambientais e abstractas, ou as mais dançáveis e próximas da música tecno, acabam por conter influência da sua actividade, não só do ponto de vista sonoro, com padrões sequenciados, motivos cósmicos e texturas envolventes, mas também por algumas das técnicas que foi usando em sintetizadores imensos que funcionavam também como recurso estético.

Editou mais de 40 álbuns, entre gravações originais, discos ao vivo e bandas, tendo feito inúmeras colaborações, uma das mais recentes com o compositor Hans Zimmer, para o  filme Duna (2021). 

É fácil perceber a sua influência em parte da produção electrónica cósmica dos últimos anos – de Oneohtrix Point Never a James Holden

Em 2013 havia comunicado a sua retirada dos palcos e preparava-se para lançar um novo projecto, Deus Arrakis, que deverá chegar ao mercado ainda antes do Verão. 

Klaus Schulze  deixa a mulher, dois filhos e quatro netos.

Público