Grupo alemão que há 30 anos
influencia gerações em todo o mundo promete shows carregados de efeitos
tecnológicos.
Apresentação da banda alemã Kraftwerk no Free
Jazz 98 é certamente o evento do ano no mundo pop. O grupo formado em
Düsseldorf há 30 anos — tendo como núcleo a dupla Ralf
Hütter e Florian Schneider —
simplesmente influenciou todos os que têm hoje alguma ligação com a música
eletrônica, da disco music ao hip-hop, do electro ao Techno, tudo tem alguma
referencia ao som do kraftwerk.
Cultora de uma aparência robótica e
com uma vida pessoal reservada, a banda não é dada a entrevistas. Mas, como
será a primeira vez no Brasil, Ralf
Hütter concedeu 15 minutos ao GLOBO. Contudo, por telefone Hütter foi extremamente simpático e se
mostrou excitado com a vinda à América do Sul pela primeira vez.
Músico
diz que quer conhecer os nos da noite carioca
— O motivo pelo qual nós não fomos aí
até hoje é puramente técnico. — disse ele de Düsseldorf — Antes, os
equipamentos eram muito pesados, de difícil transporte, e não queríamos fazer
um show incompleto.
Agora, ele promete, o Show do
Kraftwerk no Brasil exatamente como os europeus.
— Sim, levaremos telões, todos os equipamentos.
Os robôs... Não vai faltar nada — garante ele.
Hütter se mostra ainda interessado na
noite local. Ele di estar interessado em conhecer os clubes da cidade e sentir
o vibe da cidade.
Adoro sentir a vibração das pessoas na
pista de dança. Quero conhecer a música local.
Ele falou sobre o modo como o
kraftwerk sempre se inspirou no feelling do
momento no mundo para conceber a sua música.
— O feeling de hoje é sobre o mundo ligado
dinamicamente pelas redes de comunicações.
Nos anos 60, quando começamos, era mais sobre os equipamentos eletrônicos
pesados. Foi difícil montar o nosso estúdio, o Kling Klang, na época. Hoje, é tudo portátil, digital, leve, mais
fácil.
Justamente pelo fato de a tecnologia
ter ser tornado mais acessível, hoje, é possível para qualquer um pode fazer
música em seu próprio quarto. E Hütter
diz que essa sempre foi a meta do Kraftwerk.
— Quando inventamos o Kraftwerk, o
conceito era o de fazer a própria música, criar os próprios instrumentos.
Naquele tempo, isso era muito difícil, ousado. Mas, hoje especialmente aqui na
Europa, as pessoas tem acesso a tudo isso rapidamente. Nós nos antecipamos a
isso.
Falando em antecipação, o Kraftwerk
sempre esteve um passo à frente de tudo o que se faz em termos de música
eletrônica, justamente por estar atento às mudanças do mundo.
— Sempre estamos ligados no que
acontece. Moramos numa cidade industrial bem no centro da Europa. Vijamos para
toda parte da rapidamente, vamos a clubes em Amsterdam, Paris, Londres, vemos
shows, ouvimos rádio, dançamos sentimos a música e o ambiente de cada local.
Apesar disso, modesto, Hütter reluta o titulo de pai ou avô do
Techno que hoje assola o mundo.
— Claro que, de certa maneira, nossa
influencia é positiva, pois nos 60 a música ia para uma direção diferente, a
das superbandas, dos superstars , e
nós quebramos essa imagem.
Dessa forma, a banda foi, de certa
forma, uma versão antecipada e eletrônica do punk.
Sobre a noite do Kraftwerk no Rio, Hütter diz gostar da banda que vai tocar depois
deles, a inglesa Massive Attack.
— Conheço o som e sei que eles fazem
uma abordagem diferente da nossa de música eletrônica. É muito interessante.
Dois
ex-integrantes foram substituídos por técnicos
Basicamente, além de Hütter e Schneider, o Kraftwerk era formado por Karl Bartos e Wolfgang Flür , que agora estão fora da banda.
Hutter explica que, na verdade, o Kraftwerk sempre foi mais do uma simples
banda:
— Originalmente, além de mim e de Florian , o Kraftwerk foi sempre um
aglomerado de engenheiros eletrônicos, técnicos de gravação, videastas; e as
quatro figuras no palco eram apenas uma apresentação de banda.
Por isso, os substituímos de Karl e Wolgang são dois técnicos dos estúdios Kling Klang: Fritz Hilpert e Henning Schmitz.
— Kraftwerk é um todo, Em turnê, somos
12 pessoas.
Quando a um novo disco (o último de
inéditos, “Electric Café” saiu em
86; depois dele, só a coletânea “The Mix”), ele diz que virá, talvez, no começo
de 99.