quinta-feira, 31 de maio de 2018
terça-feira, 1 de maio de 2018
The Man-Machine - 40 anos.
Após o lançamento de Trans
Europe Express (que não teve uma tour de fato em 1977), o kraftwerk se encontrava com boa aceitação
de seus trabalhos em relação à crítica especializada e principalmente a o seu
público. O grupo já começava a esboçar o que seria o seu disco mais marcante
com ligação entre som e imagem. Nesse período o músicos estavam em seu ápice criativo, dando a entender
que gravaram um bom material musical, que foi repartido nos discos posteriores, adaptando as músicas
conforme aos álbuns eram lançados.
The Man-Machine foi o trabalho certeiro em seu conceito, melodias,
timbres e visual. Além expor a postura que o grupo adotaria nas décadas
seguintes. Prevalecendo a reclusão e o hábito meio lacônico em suas
entrevistas.
Em relatos sobre a produção do LP, Ralf sempre foi muito evasivo
em explicar o processo de composição, dando sempre respostas dúbias. Mas a
ideia por de trás do disco, deve ter surgido devido ao debate que já se tornava
comum na esfera artística na década de 1970, do qual abordavam o futuro da humanidade
e, de como seria essa convivência entre o homem e a máquina no cotidiano.
Apesar de não possuir uma imagem futurística verossímil,
The Man-Machine se apresenta como uma fantasia sentimentalista de um mundo imaginativo. Interpretação muito similar com obras literárias de ficção-científica,
que começaram a ter prestigio nesse período. Isso se deve ao advento da TV e do cinema; mídias que ajudaram a popularizar obras desse
cunho que evocam um mundo utópico e irreal.
A preocupação do grupo com à
qualidade do que produziam, nesse disco foi mantida e por vezes mais acentuada
do que nos trabalhos anteriores, afora o tratamento ao conceito do álbum. Mas o
cuidado e a evidente dedicação dos integrantes em chegar a um denominador comum, que agradasse não só a eles, mas principalmente ao seu tão crescente e fiel público,
foi atingida ao longo de um ano de produção contínua.
Durante esse tempo, o kraftwerk atualizou o seu estúdio acrescentando
novos instrumentos e equipamentos de áudio, e para ajudarem nessa empreitada,
contrataram o engenheiro de som americano chamado Leonard Jackson, (junto com Joschko Rudas) que deixaram as músicas dos alemães com mais
impacto. E durante os intervalos de gravação, tanto o técnico convidado quanto
os integrantes, se divertiam no pátio do estúdio com a neve em um rigoroso
inverno europeu.
No disco, ouvimos o quarteto em
seu momento mais iventivo tanto na parte técnica, quanto lírica, conseguindo
chegar a um equilíbrio auditivo satisfatório.
O ritmo mecânico se mantém presente e ininterrupto. E a ideologia de
suas músicas, condiz com as bases compostas.
O bom humor característico do
grupo é evidente logo em sua primeira faixa, que relata de forma irônica o
conceito criado pelo grupo, The Robots se
tornou a imagem oficial do quarteto.
O vocoder em conjunto com vários
efeitos de som, aqui ajudaram a tornar, a simulação desse ambiente “mecânico”,
supostamente cantada por um robô, agradável e divertida. Com The Robots , o Kraftwerk finalmente encontra a sua identidade.
A tecnologia sempre foi um tema
recorrente nas composições do
quarteto, e quando esses recursos se tornavam acessíveis, e passavam a fazer parte da
rotina, aqui não poderia soar de uma forma diferente.
Spacelab é uma interpretação minimalista sobre avanços que a ciência estava tomando durante a década de 1970, já que as viagens para o espaço era um dos assuntos mais debatidos nesse período. Esse progresso teve uma influência em vários meios dentro e fora da esfera científica, que até hoje possui um interesse nos cidadãos. Mas em outra observação, seria um olhar romantizado dessas viagens, ou simplesmente uma homenagem aos responsáveis por tornarem isso possível. Em outra análise pessoal, parece o desejo íntimo do grupo em fazer parte de uma.
Spacelab é uma interpretação minimalista sobre avanços que a ciência estava tomando durante a década de 1970, já que as viagens para o espaço era um dos assuntos mais debatidos nesse período. Esse progresso teve uma influência em vários meios dentro e fora da esfera científica, que até hoje possui um interesse nos cidadãos. Mas em outra observação, seria um olhar romantizado dessas viagens, ou simplesmente uma homenagem aos responsáveis por tornarem isso possível. Em outra análise pessoal, parece o desejo íntimo do grupo em fazer parte de uma.
A faixa possui um clima cinematográfico,
e contém uma das melodias mais elegantes compostas pelo conjunto, que ressalta
uma suposta excursão pelo espaço. Spacelab
é uma bela celebração aos rumos que a humanidade pode tomar no futuro.
Metropolis segue o mesmo esquema rítmico da faixa anterior, porém é
dedicada ao cineasta austríaco Fritz Lang
(1890-1977), responsável pelo filme homônimo, que em seu lançamento em 1927,
foi um grande sucesso nos cinemas dentro e fora da Alemanha, muito por ser o primeiro filme Sci-fi da sétima
arte, além do expressionismo alemão adotado em seu visual (conceito estético que
Ralf aprecia), e por abordar uma vivência social ainda evidente.
Aqui os synths são arpejados em um tom mais encorpado, com uma percussão
bem marcada —
e mecânica —, favorecendo o clima inquieto de uma grande capital. Berlim nessa época fervia, Metropolis retrata esse clima. Ouvimos
o coração da cidade através da música.
Fugindo do tema máquina, The Model relata o mundo da moda que
crescia em paralelo ao que acontecia durante os anos de 1970. Uns afirmam a música como
uma crítica a esse círculo social, outros identificam um desaprovamento desse estilo de vida, mas a
faixa soa como uma veneração às modelos de todo o mundo. É a canção mais pop
que já escreveram, e tendo o seu sucesso conquistado somente no ano de 1981. O contrabaixo
é acentuado e a sua melodia simples, dão clima dançante na faixa.
Neon Light é dedicada à cidade de Paris, considerada como uma das cidades mais charmosas e elegantes do
mundo. A faixa é singela e tem um ritmo contemplativo, com uma clima mais
leve e relaxante. De todo o disco, é a faixa com a maior duração, um belo
convite a um passeio pela cidade das luzes.
The Man-Machine conclui o álbum de uma forma completa, era o
conceito que o grupo tanto buscava sendo retratado em sons mecânicos simulados
pelos sintetizadores. Diferente de sua abertura amigável com “The Robots” — muito marcada pelo bom humor
e seus efeitos de som —, o encerramento tem as melodias repetitivas, que concedem
um aspecto de hipnose auditiva.
O ritmo
mecânico é presente e exposto de forma íntegra, sendo intercalado por frases que
remetem a o homem e a máquina. Uma correlação entre o individuo e o objeto, os
dois convivendo em harmonia e não uma anulação. A música dá a impressão de algo
sendo ativado conforme a canção progride.
Outro ponto em que merece o
destaque é o emprego realizado na criação do visual do LP, do qual se
inspiraram no construtivismo russo (movimento estético - 1919) em especial as
obras do artista também russo, El
Lissitzky (1890 - 1941) refeitas pelo artista gráfico alemão Karl Klefisch, que se
equipara ao que se ouve no disco, é a combinação entre som e imagem, junto em
um trabalho único que exprime a ideia dos músicos sobre o nexo contemporâneo que a cada dia se torna mais evidente.
As seis faixas procuraram retratar as inquietações que mediavam os debates no meio artístico em relação aos eminentes avanços que ocorriam em diferentes partes da sociedade, tanto dentro, mas principalmente, fora da Alemanha que ainda se encontrava dividida e receosa. O kraftwerk aqui , conseguiram atravessar essa barreira e expor as suas observações.
As seis faixas procuraram retratar as inquietações que mediavam os debates no meio artístico em relação aos eminentes avanços que ocorriam em diferentes partes da sociedade, tanto dentro, mas principalmente, fora da Alemanha que ainda se encontrava dividida e receosa. O kraftwerk aqui , conseguiram atravessar essa barreira e expor as suas observações.
Para o lançamento do disco, o integrantes encomendaram quatro manequins (réplicas) que usaram nas divulgações em TV e
em algumas festas promovidas pela gravadora, e essa ideia ‘bizarra’ acabou
fazendo sucesso e se tornou, enfim, a identidade do quarteto.
Na época fizeram dois vídeos para
divulgação na TV. Neonlights foi
filmado durante uma sessão de fotos promocionais e The Robots, que foi registrado por eles mesmos no estúdio Kling
Klang, que durante a gravação, geraram inúmeros risos.
Em 1978, o grupo recebeu elogios
tanto da crítica, quanto do público, as músicas fizeram muito sucesso nas
pistas de dança, era o auge da Disco
Music. A faixa Metropolis era a
favorita dos Djs da época, muito devido ao seu ritmo que permitia uma mesclagem
com outras faixas e principalmente pelo aspecto ‘viajante’ da música.
Foi cogitada uma apresentação
para outubro do mesmo ano (1978), porém cancelada, chegaram até produzir os
ingressos, mas nenhum vendido. O real motivo dessa anulação, nunca foi
revelado, mas supõem que os integrantes, não chegaram a um padrão satisfatório para
uma apresentação ao vivo de suas músicas, por causa da relativa dificuldade em
executá-las de forma correta. Os integrantes resolveram deixar tudo para o
próximo álbum que já estava sendo desenvolvido paralelamente.
O ambiente imaginativo criado
pelo grupo perpetua até aos dias de hoje, o conceito do disco jamais perdeu o
seu vigor. Apesar das constantes mudanças que ocorrem no dia a dia em relação
com à tecnologia. Mas o futuro vintage
'pensado' pelo kraftwerk, deu
certo charme na música eletrônica que ebulia nesse momento.
Em tempo, parabéns!
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