terça-feira, 31 de maio de 2016
sexta-feira, 27 de maio de 2016
Kraftwerk interview 'Folha de São Paulo - Ralf Hutter - July 2004
No começo era o Kraftwerk.
É humanamente impossível
dissociar de qualquer coisa produzida eletronicamente nos últimos 30 anos a
influência desses alemães, que injetaram na música o conceito
"homem-máquina".
Beatles e Elvis à parte, nenhum
artista ou banda foi tão decisivamente importante para a evolução do mundo pop
quanto o Kraftwerk. Com a diferença de que este último permanece quase como um
enigma.
Criado em 1970 por Ralf Hütter e
Florian Schneider, o grupo alterou parâmetros ao utilizar sintetizadores e
computadores no processo de criação de música. Entre 74 e 81, produziu uma
seqüência de cinco álbuns ("Autobahn", 74;
"Radio-Activity", 75; "Trans-Europe Express", 77; "The
Man Machine", 78; "Computer World", 81) soberbos; dificilmente
encontra-se paralelo na história do pop.
Ainda assim, não é muito o que se
sabe sobre o hoje quarteto. Vêm de Düsseldorf, onde construíram o estúdio
KlingKlang. E são, Hütter e Schneider, fanáticos por ciclismo.
Raramente o Kraftwerk dá
entrevistas ou posa para fotos. No ano passado, o jornal britânico "The
Guardian" enviou repórter à cidade alemã para desvendar os segredos do
Kraftwerk. O jornalista passou dias no local, entrevistou moradores, donos de
lojas de disco e de artigos para bicicletas e... nada. Não conseguiu nem achar
o KlingKlang.
Em 2003, após hiato de 17 anos,
lançaram "Tour de France Soundtracks", disco-homenagem à competição
ciclística francesa. Pois o Kraftwerk está de volta. De volta ao Brasil, onde
realizou show histórico em 1998. Em 7 de novembro, o grupo toca no Tim
Festival, em São Paulo. No dia seguinte, se apresenta em Brasília.
E, na última quinta, Ralf Hütter
conversou com a Folha, por telefone, de Düsseldorf.
Há sempre uma expectativa em
torno do Kraftwerk. O que vocês estão fazendo?
Estamos finalizando a
remasterização do catálogo do Kraftwerk. E há três ou quatro semanas voltamos
de uma turnê. O último show foi em
Moscou.
Há planos para novo CD?
Claro. Mas primeiro vamos
terminar essas remasterizações, finalizar a arte, estamos escolhendo fotos
antigas. Acho que o resultado será muito bom. Depois trabalharemos em faixas
novas. Já testamos algumas. Estamos
experimentando.
Vocês tocaram no Brasil em 98.
Como será o show de 2004?
Foi uma experiência incrível em
98. Nós do Kraftwerk viemos de outro ambiente, mais industrial. A reação das
pessoas foi fantástica. O próximo show será de "Tour de France",
músicas que não costumamos tocar, teremos novos equipamentos, laptops,
elementos gráficos.
Vocês iniciaram o Kraftwerk no
final dos anos 60...
Em 1968. Eu e Florian montamos um
grupo chamado Organisation. Em 1970, montamos o estúdio Kling Klang e formamos
o Kraftwerk.
Vocês praticamente iniciaram a
música eletrônica como a conhecemos. Como você vê hoje esse tipo de música? Tem
orgulho do que ajudou a criar?
Sim, claro, vemos a reação das
pessoas pelo mundo. Na última turnê tocamos nos EUA, Canadá, Rússia, Eslovênia,
Hungria, países que nunca tínhamos visitado. Para nós isso é fantástico, a
linguagem eletrônica é universal, essa sempre foi a nossa missão.
A música de
hoje deve ser feita com as ferramentas de hoje. É a realidade de hoje, vimos
isso na tour pelo Japão e seis anos atrás no Brasil. Vocês têm uma música
acústica muito variada, mas mesmo assim a reação ao Kraftwerk foi muito forte.
Por que a música do Kraftwerk,
após 20, 30 anos ainda é considerada atual?
Acho que por causa das
composições... Nós fazemos como que uma música-filme e incrementamos com outra
energia. Por exemplo, "Autobahn" ou "Trans-Europe Express"
são como conceitos, não é apenas música nota por nota, faz parte de um contexto
sociológico...
Sobre os artistas e produtores de
hoje, você gosta?
Sim. Temos relações com o pessoal
do electro, gente de Tóquio ou Detroit. Nos levam para clubes, às vezes até
dançamos com nossos passos de robô...
O Kraftwerk é influência enorme
para artistas de hoje...
Pelo mundo dos sons. De carros a
trens a computadores, sons humanos, como batidas de coração, respiração, por
várias linguagens. Gravamos em alemão, em inglês, há letras latinas.
Trabalhamos na verdade com diferentes linguagens.
Você é conhecido pela paixão por
ciclismo. Como relaciona o ciclismo com o conceito "homem-máquina"
que vocês defendiam nos anos 70?
(O ciclismo) é uma representação
do homem e da máquina em harmonia. Guiando a bicicleta você deve utilizar o
corpo, a inteligência, a técnica. É o mesmo com a música. Você fica em harmonia
com seu corpo. Para nós é como um treino perfeito quando não estamos no
estúdio.
É verdade que
"Autobahn" é uma resposta a "Fun Fun Fun", dos Beach Boys
(pela mútua procura do perfeccionismo, o Kraftwerk já foi chamado de Beach Boys
de Düsseldorf)?
Não exatamente. A ideia daquela
música veio quando, no início do Kraftwerk, nós percorríamos muito uma autobahn
pela Alemanha, de universidade a galerias de arte, de cidade a cidade, e,
depois dos shows, voltávamos a Düsseldorf, pois não tínhamos dinheiro para
dormir em hotéis.
Viajávamos no meu Volkswagen e pensávamos: "Algum dia
alguém vai tocar nossa música num rádio de carro". Daí que veio o conceito
"Fahr'n fahr'n fahr'n auf der Autobahn" (dirigindo, dirigindo,
dirigindo pela super estrada; sonoramente, em inglês, é como "fun fun fun
on the Autobahn"). Naquela canção, os sintetizadores são como imitações do
motor de um carro, criando sons como os de um carro. É uma fantasia tecno...
Muita gente considera o Kraftwerk
uma lenda da música, dizem que vocês são mais influentes do que os Beatles.
Você tem idéia desse culto em torno do Kraftwerk?
Sempre pensamos em compor música
para o futuro. Sempre nos concentramos muito em nosso trabalho no KlingKlang.
Para nós isso é fantástico, pois, como disse antes, no começo tocávamos em
espaços pequenos e hoje viajamos o mundo com todo o nosso equipamento e vemos a
reação das pessoas.
O KlingKlang é como uma casa para
vocês...
É o nosso "laboratório
eletrônico".
E nesse laboratório eletrônico
vocês se afastam completamente do mundo: não têm telefone, fax, recepcionista,
não recebem correspondências... Por que vocês preferem manter o mundo afastado
do Kling Klang?
Porque é o nosso laboratório. Nós
fechamos as portas, o ambiente fica quieto e aí podemos nos concentrar apenas
na música, no projeto Kraftwerk. Hoje existe um problema sério: todos têm
celulares, ninguém consegue se concentrar. Então vamos ao estúdio, fechamos as
portas e, por algumas horas, mergulhamos fundo na música. Acho que isso é o
mais importante no Kraftwerk.
Interview to Thiago Ney - Brazil
quinta-feira, 19 de maio de 2016
terça-feira, 10 de maio de 2016
35 Anos.
Kraftwerk - Computerwelt (1981)
EMI Electrola - 1C 064-46 311, Vinyl LP, Germany
A-1. Computerwelt (5'05") 0:03
A-2. Taschenrechner (5'02") 5:08
A-3. Nummern (3'20") 10:10
A-4. Computerwelt 2 (3'10") 13:30
B-1. Computer Liebe (7'16") 16:40
B-2. Heimcomputer (6'18") 23:56
B-3. It's More Fun To Compute (4'13") 30:14
Ralf Hütter
Florian Schneider
Wolfgang Flür
Karl Bartos
sábado, 7 de maio de 2016
Record Mirror - Konrad Plank - Maio 1975
No ano de 1975 Kraftwerk começa a colher os frutos do sucesso de Autobahn fora da Europa, fazendo a sua primeira Tour fora de sua terra natal.Devido a esse sucesso, a impressa musical começou a se interessar por esse grupo 'novo' no mercado dando início as inúmeras e nem sempre raras entrevistas.
Aqui temos umas das poucas entrevistas feitas com algum colaborador do grupo no seu início durante a década de 1970. Konrad Plank foi um engenheiro de som que ajudou ao kraftwerk a gravar os seus primeiros trabalhos desde quando Ralf e Florian faziam parte do grupo experimental chamado Organization em 1969, colaborando com eles até o lançamento de Autobahn em 1974. Plank faleceu em 18 de Dezembro de 1987 aos 47 anos, vítima de um câncer.
segue abaixo a tradução/adaptação da entrevista que Konrad Plank concedeu ao Jornal Record Mirror em Maio de 1975.
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Apesar de Kraftwerk terem vendido
mais de 150 mil cópias de seus discos na Alemanha, eles não são conhecidos em
sua terra natal. Eles não dão entrevistas, apenas um fala, e eles não fazem
qualquer apresentação, pois aparentemente não precisam de dinheiro.
Há quatro
semanas, no entanto, quando seu último álbum Autobahn parecia torna-se um
grande sucesso nos Estados Unidos, eles decidiram pegar a ‘estrada’ e onde eles
estão agora. O álbum tem sido o quinto colocado por lá e se tornado um grande
feito para banda alemã.
Conny Plank que reside em uma vila fora de Colônia, nem sabia que Autobahn
tinha sido lançado em single, e foi sua primeira palavra ao saber que fazia
sucesso na Inglaterra também, Kraftwerk tinha um ‘hit.’ Naturalmente ele está muito contente, mas acrescenta que
teve ouvir o Álbum para se ter a ideia do que se tratava – ou seja, dirigir em
uma longa auto-estrada alemã que parecem intermináveis. Tarjas cinzas com linhas brancas à beira do
verde, a esquerda e a direita, o tédio nas longas viagens. Kraftwerk soube
traduzir tudo isso em sons.
Foi e em Chicago que a faixa foi cortada para 3 minutos,
explica Plank . Foi puramente para a promoção em rádio nos EUA. Mas estávamos
quando a ouvimos. Era exatamente como nós teríamos feito. Ele enfatiza a
palavra “nós”, “eu sou apenas co-produtor”.
Eu acredito firmemente em no
sentido de envolvimento na produção da gravação. Conny
Plank trabalha com certo número de grupos alemães como por exemplo Neu!, Planl
dirigir seu próprio estúdio na vila de Seelscheid, mas seu maior interesse
sempre foi o kraftwerk.
Foi em 1969 que ele os descobriu
em um club em Dusseldorf quando eram do grupo
chamado Organisation. Naquele ano
ele produziu o primeiro disco deles o Tone Float. (1969) , mas foi muito
bizarro para as gravadoras alemãs , e consequentemente foi a única gravação
lançada pena RCA na Inglaterra.
Um ano depois do grupo se dividir. Florian Schneider-Esleben que toca flauta,
sintetizadores e todos os instrumentos de ritmos e Ralf Hutter nos sintetizador
Moog e teclados, surgiram com um novo nome de kraftwerk.
Eles eram o núcleo da banda,
explica Plank. E vários outros músicos
passaram por eles em tempos após tempo. Para
a apresentação da turnê Americana, eles contrataram um baterista. No passado
eles estavam acostumados a usar a flauta e o violino, mas no estúdio eles
preferem por tudo isso abaixo. Ao todo
eles preferem trabalhar no estúdio.
Autobahn
é seu quarto álbum, mais o sucesso
internacional pode mudar a atitude de Florian e Ralf. Não há nenhum plano para turnês ainda. Nós vamos ter que ver como eles estarão
quando voltarem dos Estados Unidos.
Interview to Margot Sonnendecker - England
Álbuns que Konrad Plank ajudou a gravar:
Organisation – Tone Float (1970)
Kraftwerk – Kraftwerk 1 (1970)
Kraftwerk – Kraftwerk 1 (1970)
Kraftwerk – Kraftwerk 2 (1971)
Kraftwerk – Ralf & Florian (1973)
Kraftwerk – Autobahn (1974)
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