Lançado em março de 1977, Trans-Europe Express é o trabalho do kraftwerk,
que poder ser considerado o mais romântico e saudosista. Muito desse mérito, devido
ao seu caráter em exaltar a cultura europeia, e por quase ter uma abordagem autoral.
Produzido logo após o fim da
turnê Radio-Activity Tour (1975-1976) e construído entre os intervalos
dessa turnê, T.E.E. é o disco do quarteto
alemão que tem a pegada mais minimalista em suas músicas e nacionalista em sua
ideologia. Além de ser o álbum que marca o início da busca do grupo por uma
identidade sonora e estética própria. Fato, que só iria se concretizar no disco
posterior Man-Machine, lançado em
1978.
Em T.E.E., ouvimos O kraftwerk celebrando uma nação que estava
desaparecendo devido às mudanças eminentes, que vinham ocorrendo não só no país
de origem da banda, mas em todo o continente Europeu. E os integrantes vivendo
no centro dessas mudanças, procuraram descrever esse sentimento de renovação, através
de suas composições. E para tal feito, utilizaram uma abordagem mais simples. E
tendo como base, um lirismo moderno, ou se preferir, mais eletrônico.
O culto em relação à vida
cotidiana na Europa, é intercalado por
uma boa parte do disco, mas de uma forma implícita. Logo em sua abertura, é
vigente a sonoridade clássica como artificio para um convite, a um passeio
através de uma Europa em uma inevitável mudança. Em decorrência desse fato, há
a evidente melancolia gerada por esse comportamento. Essa reação é descrita de maneira
sintética em Europeu Endless, e na reflexiva The Hall of Mirrors, e
tendo Showroom Dummies, o contra ponto em relação a toda essa desolação
inicial.
A celebração a máquina é
ostensivo na longa Trans-Europe Express,
faixa que dá o título ao álbum, música que em suas primeiras notas, já
apresenta uma característica de alerta de uma grande peça sinfônica-mecânica,
composição que celebra a importância e peso que esse meio de transporte teve na
Europa em décadas passadas. Esse trem de luxo foi responsável por uma conexão direta,
entre vários pontos extremos desse continente. Que por muitos anos, foi a
principal ligação cultural entre esses
polos tão distintos.
Trans-Europe Express,
marca o breve desuso das melodias progressivas que foram a característica mais
marcante nos primeiros álbuns do kraftwerk, e percebemos o grupo investido em
uma linha mais minimalista, além de fugir do experimentalismo do disco
anterior. Ao término do álbum, em uma sonata, composta em homenagem ao
compositor austríaco de música clássica Franz
Schubert (1797-1828) podemos perceber o grupo apresentando um trabalho com
um estilo bem marcante e inovador para a época. Que difere das músicas
eletrônicas que eram produzidas no mesmo período.
O que ouvimos, além de todo o romantismo e saudosismo, são os músicos dando o passo inicial na relação entre homem e a máquina, o elo que o grupo manteve de forma contínua em seus trabalhos posteriores.
O que ouvimos, além de todo o romantismo e saudosismo, são os músicos dando o passo inicial na relação entre homem e a máquina, o elo que o grupo manteve de forma contínua em seus trabalhos posteriores.
Na época de seu lançamento, T.E.E.
recebeu ótimas criticas e elogios de outros músicos, além de aumentar de forma
considerável o número de admiradores da banda alemã. Porém o seu legado e
influência, só se concretizou na década posterior, pois T.E.E. fez a cabeça de muitos DJs, produtores e músicos que iriam surgir na
década de 1980, e quase todos, em entrevistas, afirmavam a banda alemã, como uma
influencia direta em seus trabalhos.