segunda-feira, 13 de março de 2017

Trans-Europe Express - 40 Anos.



Lançado em março de 1977, Trans-Europe Express é o trabalho do kraftwerk, que poder ser considerado o mais romântico e saudosista. Muito desse mérito, devido ao seu caráter em exaltar a cultura europeia, e por quase ter uma abordagem autoral. 

Produzido logo após o fim da turnê Radio-Activity Tour (1975-1976) e construído entre os intervalos dessa turnê, T.E.E.  é o disco do quarteto alemão que tem a pegada mais minimalista em suas músicas e nacionalista em sua ideologia. Além de ser o álbum que marca o início da busca do grupo por uma identidade sonora e estética própria. Fato, que só iria se concretizar no disco posterior Man-Machine, lançado em 1978.

Em T.E.E., ouvimos O kraftwerk celebrando uma nação que estava desaparecendo devido às mudanças eminentes, que vinham ocorrendo não só no país de origem da banda, mas em todo o continente Europeu. E os integrantes vivendo no centro dessas mudanças, procuraram descrever esse sentimento de renovação, através de suas composições. E para tal feito, utilizaram uma abordagem mais simples. E tendo como base, um lirismo moderno, ou se preferir, mais eletrônico.

O culto em relação à vida cotidiana na Europa, é intercalado  por uma boa parte do disco, mas de uma forma implícita. Logo em sua abertura, é vigente a sonoridade clássica como artificio para um convite, a um passeio através de uma Europa em uma inevitável mudança. Em decorrência desse fato, há a evidente melancolia gerada por esse comportamento. Essa reação é descrita de maneira sintética em Europeu Endless, e na reflexiva The Hall of Mirrors, e tendo Showroom Dummies, o contra ponto em relação a toda essa desolação inicial.  

A celebração a máquina é ostensivo na longa Trans-Europe Express, faixa que dá o título ao álbum, música que em suas primeiras notas, já apresenta uma característica de alerta de uma grande peça sinfônica-mecânica, composição que celebra a importância e peso que esse meio de transporte teve na Europa em décadas passadas. Esse trem de luxo foi responsável por uma conexão direta, entre vários pontos extremos desse continente. Que por muitos anos, foi a principal  ligação cultural entre esses polos tão distintos. 

Trans-Europe Express, marca o breve desuso das melodias progressivas que foram a característica mais marcante nos primeiros álbuns do kraftwerk, e percebemos o grupo investido em uma linha mais minimalista, além de fugir do experimentalismo do disco anterior. Ao término do álbum, em uma sonata, composta em homenagem ao compositor austríaco de música clássica Franz Schubert (1797-1828) podemos perceber o grupo apresentando um trabalho com um estilo bem marcante e inovador para a época. Que difere das músicas eletrônicas que eram produzidas no mesmo período.

O que ouvimos, além de todo o romantismo e saudosismo, são os músicos dando o passo inicial na relação entre homem e a máquina, o elo que o grupo manteve de forma contínua em seus trabalhos posteriores. 

Na época de seu lançamento, T.E.E. recebeu ótimas criticas e elogios de outros músicos, além de aumentar de forma considerável o número de admiradores da banda alemã. Porém o seu legado e influência, só se concretizou na década posterior, pois T.E.E.   fez a cabeça de muitos DJs,  produtores e músicos que iriam surgir na década de 1980, e quase todos, em entrevistas, afirmavam a banda alemã, como uma influencia direta em seus trabalhos.