The Guardian – Que computadores/hardwares vocês usavam nos primeiros dias do Kraftwerk?
Wolfgang Flür – Não existia algo como computador pessoal, e havia pouca coisa que pudéssemos usar eletronicamente! Ralf [Hütter] comprou um imenso e caríssimo sintetizador Moog, e Florian [Schneider] tinha um dos primeiros sintetizadores ARP Odyssey. Nós tínhamos uma bateria minúscula e quebrada que me inspirou a construir uma placa de percussão eletrônica — a primeira do mundo — em 1973. O órgão Hammond do Ralf foi adaptado com válvulas de rádio e cortado em duas partes para facilitar o transporte. Também usávamos uma mesinha de som minúscula e um osciloscópio. Em 1977, usávamos um sequenciador de hardware feito à mão pela Matten & Wiechers, que tinha capacidade para 16 faixas. Os softwares de sequenciamento assistido por computador só chegaram em meados dos anos 80 com o MIDI, mas quando saí do grupo, em 1986, ainda nem estávamos usando MIDI!
The Guardian – Como você tomou conhecimento da internet pela primeira vez?
Wolfgang Flür – Foi há cerca de quatro anos, assisti a um programa sobre isso, mas achei tudo muito americano e um pouco assustador. Levei mais dois anos observando antes de decidir me conectar. Uso a internet para pesquisar datas e fatos para meus escritos. Estou escrevendo um romance estranho e maluco chamado No Vacancies, e estou pensando em disponibilizar os primeiros capítulos de graça na rede. Também estou planejando postar samples da minha música “On The Beam” para os fãs brincarem com eles.
The Guardian – Existe alguma tecnologia que você gostaria que não existisse?
Wolfgang Flür – Eu proibiria todos os jogos de guerra de computador, tecnologia bélica e jogos violentos. São imorais, desumanos e apelam para nossos instintos mais baixos. Os resultados disso a gente vê nas ruas.
The Guardian – Como você se sente em relação ao compartilhamento de arquivos e ao iminente fechamento do Napster?
Wolfgang Flür – Eu adoro a troca de softwares entre almas afins — é como compartilhar bolinhas de gude na infância. Mas estou feliz que estejam fechando o Napster. É complicado demais controlar os direitos dos artistas, e por que o Napster deveria distribuir nossa música de graça? Músicos vivem de suas composições, e não gostamos de ser roubados!
The Guardian – Qual a sua visão geral sobre a internet?
Wolfgang Flür – A internet parece um conto de fadas para adultos — multifacetada e viciante — e ao mesmo tempo atende nossa necessidade de consumo. Em breve, todos estarão conectados a esse “palco do desejo” e se comunicarão com ele, lerão jornais, verão filmes, encomendarão bens e produtos. Estamos perdendo a fala, perdendo os contatos pessoais, perdendo as aventuras das compras.
The Guardian – Você tem sites favoritos?
Wolfgang Flür – Gosto da Amazon, da Books Online e do site do Clube Automobilístico da Alemanha, para informações de viagem.
The Guardian – Algum gadget preferido?
Wolfgang Flür – Meu computador Macintosh, meu sintetizador Supernova, meu gravador de voz Nokia, meu minidisc da Aiwa, meu microfone AKG Solitube, meu sintetizador Quasimidi Sirius solo entertainer, minha impressora colorida Epson, minha câmera digital Jenoptik, meus fones de ouvido AKG com três vias, minha impressora preta StyleWriter, minha TV Schneider, meu...
Wolfgang Flür ao The Guardian, publicada em 1º de março de 2001, com o entrevistador Hamish Mackintosh:
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