sexta-feira, 30 de maio de 2025

Karl Bartos Entrevista — Classic Pop Magazine — 2025

 


Karl Bartos, 2021. Foto por Patrick Beerhorst

O músico Karl Bartos, com formação clássica, foi integrante do Kraftwerk em uma sequência impressionante de álbuns, de Radio-Activity a Electric Café. Tendo se mantido em silêncio sobre sua antiga banda, sua poderosa nova autobiografia oferece uma perspectiva totalmente nova sobre a vida dentro da máquina-humana. Ele concede sua primeira entrevista britânica sobre o Kraftwerk e além, exclusivamente para a Classic Pop.

Embora o Kraftwerk tenha sido justamente celebrado por suas aventuras pioneiras na música eletrônica, não se deve ignorar o quanto eles também tinham uma aparência fantástica. Fixa na mente de muitos como a formação clássica — Ralf Hütter, Karl Bartos, Florian Schneider e Wolfgang Flür — na capa de The Man-Machine de 1978, com camisas vermelhas e gravatas pretas, Bartos tem uma teoria brilhante de por que o Kraftwerk poderia se passar por robôs: todos tinham a mesma altura, exatamente 1,83 metro.

"Éramos todos iguais", observa Karl. "Ninguém era muito baixo, ninguém era gigante. Nunca aconteceu, mas todos nós poderíamos trocar de roupa entre nós. Onde quer que fôssemos, sentíamos uma reação muito forte e sabíamos que uma identidade específica estava sendo transmitida."

Na sua notável autobiografia The Sound Of The Machine, Karl descreve como sentiu que precisava ser músico desde o momento em que ouviu A Hard Day’s Night dos Beatles. Ele percebe uma conexão na imagem das duas bandas:

"Nunca foi ‘John Lennon e os Beatles’ ou ‘Paul McCartney e os Beatles’. Eram sempre os ‘Fab Four’, uma verdadeira banda. O Kraftwerk tinha essa igualdade também na nossa aparência. Éramos a banda perfeita, sem uma estrela que dominasse visualmente. As pessoas gostam dessa igualdade."

É uma teoria tipicamente bem formada de um músico que — como seus ex-colegas — raramente falou sobre a vida dentro do Kraftwerk. Karl é literalmente mais qualificado do que a maioria para teorizar sobre música pop.

Ele estudou percussão no Conservatório Estadual da Renânia desde 1970, combinou boa parte do seu tempo no Kraftwerk com aulas de música e, em 2004, fundou um programa de mestrado na Universidade das Artes de Berlim, na área de comunicação acústica. Dentro do brilhante robô do imaginário do Kraftwerk pulsa o coração de um homem que vive pela música.

Por muito tempo, Bartos relutou em falar sobre sua passagem pelo Kraftwerk: "Sempre me senti desconfortável falando sobre nosso tempo juntos" — por isso, suas opiniões sobre música são pouco conhecidas. E elas realmente merecem ser ouvidas.

A mística que se formou em torno do Kraftwerk nos anos 70 os congelou no tempo como aqueles robôs. Na realidade, por uma chamada de Zoom desde sua casa em Hamburgo, Karl não poderia parecer mais humano. Seu escritório é mais de professor do que de pioneiro eletrônico: uma parede cheia de arquivos, uma pequena planta e um planner cheio de post-its. Com cabelo grisalho impecavelmente penteado de lado e vestido com um fleece azul-marinho, Karl é desarmantemente simpático.

Os clichês sobre Kraftwerk e décadas de silêncio poderiam fazer alguém esperar frieza, mas, ao contrário, Karl é espirituoso, com um sorriso gentil sempre pronto. Seu inglês é praticamente perfeito — a única palavra com que ele luta é “ephemeral”, o que até falantes nativos às vezes fazem.

A CIÊNCIA DO SILÊNCIO

Bartos levou três anos escrevendo The Sound Of The Machine, inclusive supervisionando a tradução para o inglês coloquial. Não se deixe intimidar pelo tamanho do livro — 641 páginas. Ele flui rapidamente, é revelador sobre os bastidores do Kraftwerk e recheado de teorias sobre a relação entre música e natureza.

"De forma profunda, a música imita a vida", oferece Karl. "Ela nasce do silêncio, se desenrola no espaço e no tempo, depois desaparece e morre no silêncio. É isso que nós, seres humanos, fazemos também. Provavelmente amamos tanto a música porque ela reflete a nossa vida. A música me ajuda a entender o que as pessoas encontram na religião e no eterno."

Essa não é, necessariamente, a forma de pensar que alguém esperaria de quem ajudou a criar Spacelab. Mas é exatamente essa visão humana do Kraftwerk que fez Karl finalmente estar pronto para compartilhar sua perspectiva sobre a banda: explicar que toda a conversa sobre robôs e eletrônica precisa ser completamente revista, porque aquilo era música feita por humanos, não por máquinas.

Ele é particularmente apegado ao conceito de The Man-Machine, daí o título do seu livro:

"Gosto da ideia que Fritz Lang teve para ‘o homem-máquina’ em Metrópolis", diz Karl sobre o filme visionário de 1927. "O Kraftwerk assumiu essa ideia, de que o robô se tornava a voz da personagem principal, Maria. ‘Homem-máquina’ é uma boa expressão, porque ‘homem’ vem primeiro, não ‘máquina’."

O que Bartos mais lembra com carinho são as interações humanas dentro do Kraftwerk, especialmente trabalhando no lendário estúdio Kling Klang em Düsseldorf.

Perguntado sobre sua lembrança favorita da banda, Karl responde sem hesitar:

"As sessões de composição. Tocávamos como crianças ou músicos de jazz livre. Música é uma conversa. E criávamos conversas musicais: um instrumento falava com o outro, e um terceiro comentava aquela conversa."

Antes de começar uma música, eles conversavam sobre música, sociedade, o mercado fonográfico, ou sobre como David Bowie era tão natural ao falar com a imprensa — algo que eles admiravam. E essas conversas eram então continuadas nos instrumentos.

Depois, saíam para jantar, voltavam ao estúdio e partiam para o que chamavam de “sound drive”, testando as demos no carro.

Computer Love nasceu exatamente desse espírito colaborativo.

"Eu tinha um piano na sala onde dava aulas. Isso me permitia improvisar. Criei uma melodia, escrevi e levei para o Kling Klang. Toquei no sintetizador do Florian e, imediatamente, Ralf encontrou os acordes certos para Computer Love. Criei uma segunda melodia, Ralf respondeu com o refrão. E pronto. A música ficou pronta em cinco minutos. Ainda tenho essa demo original."

Esse tipo de interação humana era comum no pop, mas parecia estar a anos-luz da aura robótica do Kraftwerk. Por isso, The Sound Of The Machine precisava ser escrito.

"Tínhamos igualdade no início. As conversas eram o centro da nossa música. Era um ato coletivo de criação. E foi um bom esforço, porque parecia não exigir esforço algum."

Contudo, desde que Wolfgang Flür saiu em 1987 e Karl três anos depois, Bartos sente que Ralf Hütter reescreveu a história da banda, sem produzir nenhuma música nova — exceto pelo confuso Tour De France Soundtracks de 2003 — que pudesse sustentar sua versão da história.

"Estamos ouvindo a mesma narrativa sobre o Kraftwerk há mais de 40 anos" — diz Karl. "Quis mostrar outro ponto de vista. O tema central do Kraftwerk era a digitalização da tecnologia — mas a música que expressava isso era feita da forma mais humana possível, com Ralf, Florian e eu trabalhando juntos. Ao fim dos meus 16 anos na banda, esse processo criativo havia mudado — de um conceito humano para um conceito não-humano."

SONHOS ANALÓGICOS

Karl tinha 22 anos quando entrou no Kraftwerk. Como seus futuros colegas, já havia trabalhado com o produtor Conny Plank. Ele conheceu Ralf e Florian pouco antes do lançamento de Autobahn, em 1974. Lembra que Ralf — assim como Florian, seis anos mais velho — foi buscá-lo no conservatório em um Volkswagen cinza.

"Ralf e Florian eram jovens e artisticamente engajados. Não sabiam nada sobre música clássica. Assim como eu, cresceram na era do pop, quando a música era o centro da cultura jovem."

Bartos acredita que sua formação clássica era uma curiosidade para eles:

"Era uma cultura contra a qual o Kraftwerk se posicionava", observa. "O engraçado é que hoje eles são exatamente assim: repetem A Flauta Mágica infinitamente."

O fato dos sintetizadores do Kraftwerk serem analógicos era essencial. No livro, Karl escreve que "olhar uns para os outros, e não para telas de computador", era vital para a comunicação musical.

"Fazíamos música na era analógica, não na sua substituição digital. Nossos instrumentos analógicos eram como caixas de música. Havia uma sensação romântica, como nos escritores do Romantismo, Edgar Allan Poe e E.T.A. Hoffmann. Existe algo místico numa caixa de música, como se a máquina tivesse uma alma. O compositor Ravel disse, ao ver uma bailarina girando numa caixa de música: ‘Posso quase ouvir seu coração bater.’ É por isso que a música do Kraftwerk ainda está viva — há algo além do som que as pessoas ainda sentem."

O FIM DO ENCANTO

Karl acredita que Computer World, de 1981, e sua respectiva turnê foram o ápice final do Kraftwerk.

"A turnê foi fantástica", sorri. "O sentimento entre nós, como grupo, era maravilhoso. Essa ideia de ‘turnê 3D’ que o Kraftwerk faz hoje, nós já estávamos fazendo naquela época. Éramos nós, tocando música, olhando uns para os outros. Eu podia dar um tapinha no ombro do Ralf, um abraço no Florian. Nos divertíamos, tocávamos Pocket Calculator e depois íamos a uma boate depois do show. Infelizmente, tudo isso mudou."

Quando o Kraftwerk atingiu o primeiro lugar nas paradas britânicas em 1982 com The Model/Computer Love, foi um momento agridoce.

"Aquilo foi meu momento ‘Day Tripper/We Can Work It Out’", observa Bartos. "Chegar ao topo foi obviamente uma sensação boa, mas mais como uma pergunta do que uma resposta. Eu já tinha algumas ideias da turnê, como o riff de Sex Object e a melodia de The Telephone Call. Tínhamos 20 ou 30 ideias assim. Mas, quando chegamos ao número um, já tínhamos parado de tocar, sentir e responder uns aos outros."

Na visão de Karl, houve várias razões para o Kraftwerk ter parado de se comunicar no estúdio. Musicalmente, o mundo começou a alcançá-los à medida que sintetizadores se tornavam comuns.

"Era muito importante para Ralf e Florian que eles fossem a elite", acredita Bartos. "Havia sempre uma aura de elitismo em torno do dinheiro no Kraftwerk: escolas particulares, férias em St. Tropez e St. Moritz, compras em Nova York. No começo, isso tudo era engraçado, mas virou uma ameaça. Quando a indústria musical alcançou os sons eletrônicos, meus ex-parceiros ficaram perturbados com a ideia de que não eram mais a elite do pensamento artístico."

Ao invés de buscar novas maneiras de avançar, o Kraftwerk ficou preso às modas tecnológicas. Um trecho tristemente engraçado do livro descreve o horror de Karl ao ver um Synclavier gigantesco instalado no Kling Klang.

"O computador organiza a arte demais", afirma Karl. "No Techno Pop, usamos computadores e aquilo virou música feita por copy-and-paste. E copy-and-paste nunca vai substituir a composição que nasce no cérebro, o poético. Você nunca alcança o nível do poético apenas copiando e colando."

Quanto mais Ralf e Florian olhavam para suas telas de computador, mais Karl e Wolfgang se preocupavam.

O álbum Techno Pop — depois renomeado como Electric Café — é um exemplo clássico de um disco excessivamente pensado. Durante seus cinco anos de produção, o Kraftwerk tentou trabalhar, pela primeira vez, com produtores externos como François Kevorkian e Michael Johnson (ligado ao New Order).

"Eles são engenheiros fantásticos, mas não são compositores", dá de ombros Karl. "Em Techno Pop, olhamos demais para o nosso tempo e suas modas, suas inovações técnicas, em vez de focar em criar nossos próprios elementos musicais. O mundo além do tempo é um guia muito melhor para o ato de criar."

Quando Electric Café finalmente saiu em 1986, fracassou. O Kraftwerk, de repente, estava atrasado no tempo, não mais à frente.

Para compensar, a gravadora sugeriu lançar uma coletânea e fazer uma turnê.

"Era isso que deveríamos ter feito", admite Karl. "Se tivéssemos feito uma turnê e lançado um Best Of, poderíamos ter nos reconectado pessoalmente de novo."

Ao invés disso, passaram mais cinco anos retrabalhando músicas antigas para The Mix. Desesperado, Karl saiu.

"Devíamos ter voltado às coisas que nos uniram. Foi de lá que veio nossa melhor música. Eu precisava ir. Por dez anos, pedi: ‘Vamos ser músicos, vamos tocar juntos.’ E não funcionou."

MÚSICA AO VIVO SEM PARAR

Claro, os shows atuais do Kraftwerk continuam recebendo aclamação da crítica. Mas não há música nova para acompanhá-los.

"Ralf se tornou completamente um homem de negócios nos anos 80", franze a testa Karl. "Ele sempre teve uma mentalidade empresarial. Isso fazia o Kraftwerk ser mais organizado que outras bandas. Mas Ralf passou a ser o único a dar entrevistas, e a ideia de que Ralf era o Kraftwerk entrou na mente do público. Mas se Ralf é o Kraftwerk… onde está a nova música do Kraftwerk? Você não pode simplesmente substituir pessoas como eu, Florian e Wolfgang por engenheiros."

"O homem-máquina virou uma máquina de computador. O Kraftwerk virou uma esteira de produção, fabricando produtos a partir de ideias antigas."

Karl e sua esposa Bettina foram a um show do Kraftwerk em Hamburgo:

"Fomos embora. Isso realmente partiu meu coração."

Para Bartos, a falta de música nova é enlouquecedora:

"É a mesma ideia multiplicada repetidamente. É completamente a ideia errada, mas Ralf se safa com isso."

Além das diferenças musicais, questões financeiras também contribuíram para sua saída. Ele quase saiu após Trans-Europe Express, até que Ralf e Florian concordaram em torná-lo sócio pleno dos negócios do Kraftwerk.

Mas, quando deixou de dar aulas para se dedicar exclusivamente à banda em 1981, percebeu que os créditos opacos nas capas dos discos permitiam uma divisão desigual dos lucros.

Houve, eventualmente, um acordo extrajudicial sobre seus royalties, embora ele comente:

"Esse acordo parece ser um canteiro de obras eterno."

Aparentando mais tristeza do que raiva, Karl reflete:

"Nosso processo criativo era uma alegria e um esforço coletivo. Mas o reconhecimento e o lucro foram privatizados. Isso não funciona no longo prazo. E eu não nasci para ser um ‘yes man’."

Pouco depois de Florian deixar o Kraftwerk em 2008, ele e Karl se encontraram por acaso em Düsseldorf. Foi o último encontro deles antes da morte de Florian, em 2020.

"Florian não gostava de replicar a música do Kraftwerk nos shows", revela Bartos. "Ele queria parar de fazer turnês durante a produção de The Mix, então Ralf e eu conversamos sobre Florian trabalhar apenas no estúdio. A herança que ele recebeu do pai foi sua liberdade para deixar o Kraftwerk."

"Aquele encontro com Florian me deixou muito triste, porque só falamos do acordo que ele e Ralf fizeram para sua saída. Não falamos sobre música, só sobre o Kraftwerk como empresa e sobre Florian como acionista. Fiquei muito infeliz depois disso."

Um encontro casual com Ralf foi igualmente desanimador:

"Ralf já não era mais a pessoa com quem eu conseguia compor. Ele se tornou um completo estranho, física e mentalmente. Isso me deixou muito, muito triste."

NOVA VIDA, NOVAS PARCERIAS

Depois de sair do Kraftwerk, Karl encontrou uma relação muito mais harmoniosa com o Electronic — projeto de Bernard Sumner e Johnny Marr — tocando no segundo álbum deles, Raise The Pressure, de 1996.

"Conhecer Bernard e Johnny me ajudou a sobreviver depois de sair do Kraftwerk", sorri Karl. "Eles me lembraram de como era trabalhar no Kraftwerk no começo. Meu cunhado é do norte da Inglaterra também, e compartilhamos o mesmo humor e a mesma maneira de pensar. Ver Bernard criando letras a partir da linguagem cotidiana foi inspirador. Adoro quando eles me ligam, porque sempre falamos de música. Bernard e Johnny vivem na música, não no mercado financeiro."

A amizade foi tão inspiradora que Karl quase se mudou para Manchester, mas Bettina, sua esposa, precisava trabalhar em alemão como jornalista, então permaneceram na Alemanha.

Johnny também reacendeu em Karl o desejo de tocar guitarra em sua própria música:

"Quando vi sua enorme coleção de guitarras e o assisti tocá-las, fiquei viciado de novo", ri Bartos. "Comprei um violão Martin D-28 e toco todos os dias, além de piano."

"Para mim, a música é como respirar. É um reflexo. Claro, há coisas que me tiram da música, como ir ao médico ou declarar impostos, mas ainda assim consigo me perder no som. Disciplina e vontade também são necessárias. Afinal, a música precisa ser produzida."

Ele também trabalhou com o OMD (Orchestral Manoeuvres in the Dark). Quando Paul Humphreys estava fora da banda, Andy McCluskey contatou Bartos para colaborar numa versão de Neon Lights, do Kraftwerk.

Ele e Andy escreveram duas músicas para o álbum Universal (1996) e outras duas para o primeiro álbum solo de Karl pós-Kraftwerk, Esperanto, lançado sob o nome Electric Music, em 1993.

"Fico muito feliz que o OMD esteja indo bem", diz Bartos. *"Eles são uma instituição, e eu trabalharia com eles novamente. Conhecê-los, assim como ao Electronic, depois do fim do Kraftwerk, me fez pensar: ‘Wunderbar! Não estou sozinho.’"

O LEGADO DE UM PIONEIRO HUMANO

Inicialmente relutante em lançar músicas em seu próprio nome, Karl lançou um segundo álbum como Electric Music em 1998. O disco é brilhante — uma fusão de guitarra e eletrônico que captura o entusiasmo devolvido a ele por suas colaborações britânicas.

Ele abre com The Young Urban Professional, uma música escrita originalmente durante a gravação de Techno Pop em Nova York, inspirada no fenômeno dos yuppies. É praticamente o Kraftwerk flertando com o rap.

"Não é fácil pra mim lembrar tantas palavras como nessa música", admite Karl. "Sempre tento pensar numa história e criar uma metáfora. Tudo se resume à redução, chegar ao ponto. Para mim, rap é um poema recitado em padrões rítmicos regulares, conhecidos como grupos de pulso."

Com a confiança para trabalhar em seu próprio nome, vieram os álbuns Communication e Off The Record. Communication mantém a paixão do projeto Electric Music, um álbum provocante, levemente sinistro, repleto de ideias e riffs insistentes.

Off The Record foi montado a partir de peças não lançadas que Karl compôs ao longo das décadas:

"Sempre trabalho com músicas ‘antigas’. Se você não tem um parceiro de composição, essa é a única maneira de avaliar ideias objetivamente."

Atualmente, Karl trabalha em uma peça clássica, prevista para lançamento em 2023, que ele descreve como: "Música para orquestra sinfônica sintética, em um ambiente eletroacústico."

Ele também está determinado a "tocar mais Bach no piano novamente, embora eu não seja um bom pianista. Mas é música imortal."

Se as relações na antiga banda se deterioraram, Karl reconhece que, no seu auge, o Kraftwerk também fez música imortal.

"O que me frustra é que não seguimos tentando tocar juntos. Por isso foi tão difícil para mim falar sobre o Kraftwerk por tanto tempo. O Kraftwerk ainda parece, para mim, um acorde não resolvido, uma trilha dourada perdida."

Desde que ouviu A Hard Day’s Night, Karl sempre buscou fazer música que soasse como os Beatles — criando conversas e contrapontos que ressoam por gerações de amantes da música eletrônica.

"Espero que minha música fale com as pessoas", reflete. "Não penso muito sobre isso. São meus pensamentos traduzidos em música. No Kraftwerk, alguns de nós só pensavam na recepção da música e em como podíamos ser mais bem-sucedidos. Acabamos limpando demais nossa arte e viramos homens de negócios digitais e curadores."

Karl completou 70 anos em maio de 2022.

"Penso muito no que vem depois", diz Bartos. "A vida é curta, e espero morrer com dignidade."

Se existir um além, Karl Bartos certamente estará lá, compondo música celestial e imortal — exatamente como tem feito há tantas décadas.

Ele talvez não pense tanto sobre isso, mas gerações de fãs de música continuarão agradecendo a esse pioneiro da música — um homem profundamente humano.

Fonte: Classic POP 

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